AS LINHAS DE TRABALHO NA UMBANDA:



A LINHA DOS CABOCLOS:
 Todos os Caboclos são regidos por um Mistério Maior que pertence ao Trono do Conhecimento (Regência do Orixá Oxóssi). 
             Mas cada Caboclo (ou Cabocla) vem na Irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são “filhos”de determinado Orixá e perante outros Orixás foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios (exemplos: Caboclo Pena Branca: de Óxóssi e Oxalá; Caboclo Pena Dourada: de Oxóssi e Oxum; Cabocla do Mar: de Yemanjá; Caboclo Sete Montanhas: de Oxalá e Xangô).
             Os Caboclos são espíritos muito esclarecidos e caridosos, assim como os Pretos-Velhos. Tiveram encarnações como cientistas, sábios, magos, professores etc. Alguns, em determinada encarnação, foram mesmo nativos (chamados de indígenas, aqui no Brasil). Enfim, no decorrer de encarnações, elevaram-se e vêm na Umbanda para auxiliar aos irmãos enfermos da alma e do corpo. Muitos são escolhidos pela Espiritualidade para serem os Guias-Chefes dos Terreiros ou então de seus médiuns.
               Na linguagem comum, a palavra “caboclo” designa o homem nativo, às vezes mestiço  de branco com indígena. Mas na Umbanda o significado é outro.
               Os espíritos que se apresentam na Umbanda como Caboclos assumem a forma plasmada de "índios" em homenagem aos povos nativos do Brasil e de outras regiões do globo, que nutriam uma forte relação de amor e de respeito à Natureza e  muito contribuíram com seus conhecimentos e valores morais e culturais para a formação da nossa Pátria. (V. “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora, 2007, páginas 89/94.)  
               Nem todo Caboclo foi, necessariamente, um indígena.
                RUBENS SARACENI explica que, há séculos, houve um momento em que os Regentes Planetários idealizaram uma estrutura de Trabalho Espiritual que reuniria espíritos desencarnados originários das mais diferentes religiões e culturas do planeta, arregimentados a partir de determinado grau espiritual, ético, moral e de conhecimentos.
                Formaram-se grupos por afinidades (de valores culturais e morais, de especialidades  etc.), porém todos voltados a um único propósito: ajudarem-se mutuamente na tarefa de auxílio à evolução de encarnados e desencarnados em geral. Com isto, também aceleravam as próprias evoluções, pois estavam realizando algo inédito: até então, os desencarnados se agrupavam no Astral conforme suas origens aqui na Terra, e ajudavam apenas aos “da sua gente”. Agora, a Espiritualidade punha em prática um verdadeiro Universalismo, reunindo num trabalho comum representantes de todas as religiões e crenças antigas, muitas já desaparecidas da face do planeta. Com o tempo, levas e levas de espíritos  que desencarnavam  puderam filiar-se àqueles grupos.
                Então, os Regentes Planetários idealizaram uma religião que atuasse no plano Terra, por meio desses espíritos de índole universalista. O local escolhido foi o Brasil, país que estava destinado a receber povos de todas as origens e crenças (V. O livro “Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, psicografia de Chico Xavier). A religião idealizada foi a Umbanda, que mais tarde o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas trouxe ao plano material, manifestado no médium Zélio Fernandino de Moraes. Criaram-se as Linhas de Trabalho  por especialidades de atuação; sendo que as primeiras homenageavam os povos formadores da nossa cultura: nativos (Caboclos) e africanos (Pretos-Velhos).
                 Portanto, os espíritos que atuam na Umbanda como Caboclos têm origens culturais e religiosas diversas, e nem todos foram indígenas (assim como nem todo Preto-Velho foi um Negro escravizado). O que lhes dá “ a patente” de Caboclo é o seu grau de elevação perante as Leis do Criador. São espíritos que habitam da 4ª Faixa Vibratória Positiva para cima e que trazem no íntimo um profundo senso de Fraternidade e Irmandade para com toda a Criação Divina.
                  Dentro da Linha de Caboclos há, portanto, espíritos com diferentes graus de elevação. Fato que explica toda uma hierarquia, onde encontramos: aqueles que deram nome às Falanges e que NÃO incorporam (habitam na 7ª e 6ª Faixas de Luz, onde já não têm um corpo plasmado, são apenas Luz);outros, vindos da 4ª e 5ª Esferas Positivas, e de diferentes graus, que se integram nas Falanges (e Sub-falanges etc.) e se manifestam entre nós; sendo TODOS eles mais adiantados e elevados que seus médiuns. São espíritos evoluídos que OPTARAM por apresentar-se dentro do Arquétipo do homem nativo, aquele que sempre viveu em contato direto com a Natureza e que já trazia consigo um profundo senso de amor e respeito por todos os seres e elementos à sua volta (terra, água, plantas, animais, pedras etc.) e de harmonia com todas as forças e  fenômenos naturais (sol, lua, chuva, dia, noite, estações climáticas etc.).
                   A presença dos Caboclos nas Giras de Umbanda nos leva a refletir sobre a importância do meio natural que nos acolheu e nos ajuda a compreender que somos parte da Criação Divina e, por isso mesmo, precisamos viver em harmonia com o Todo. Eles são um exemplo de forma de vida simples, natural, livre de preconceitos e artifícios, de arrogância e de vaidade. Sua atuação junto de nós é libertadora, própria daqueles que evoluíram.
                   Caboclos e Pretos-Velhos manipulam ervas de todos os Orixás porque têm essa autorização e conhecimento, conforme o grau elevado que os distingue.
                   Existem Falanges de doutrinadores, de guerreiros, de “feiticeiros” (isto é, que atuam mais fortemente na quebra de magias negativas), de curadores, de justiceiros etc.
                   Os Caboclos são profundos conhecedores das ervas e dos seus princípios ativos. Suas “receitas” (banhos, defumações, oferendas etc.) costumam produzir curas inesperadas. Conhecem como ninguém o Reino Vegetal e podem nos ensinar o valor e a melhor utilização das ervas e dos alimentos vindos da terra.
                   Também grandes conhecedores da Magia, nos seus trabalhos costumam utilizar pembas, velas, essências, flores, ervas, pedras, frutas, vinho, sumo de ervas, raízes, cipós e sementes, entre outros elementos. Usam charutos e fumos à base de ervas para defumar o ambiente e as pessoas presentes, recolhendo e neutralizando as cargas densas que os envolvam.
                   Sua forte carga magnética nos impulsiona a ir em frente, a enfrentar os obstáculos com coragem e determinação. Porque Caboclo é o Arquétipo do guerreiro corajoso, valente, simples, honrado, justo e harmonizado com as Forças da Mãe Natureza. Pela simples presença entre nós, quando incorporados em seus médiuns, já nos imantam com essas fortes energias e nos estimulam a conseguir nossos objetivos. São “caçadores”, vão buscar e nos ensinam a buscar o  melhor para a nossa evolução.
                    Grandes doutrinadores e disciplinadores, são muito atuantes na orientação de sessões de desenvolvimento mediúnico, uma vez que os Guias Espirituais agem principalmente sobre o mental do médium, que está relacionado ao Chakra Frontal, regido por Pai Oxóssi, justamente o Regente do Mistério Caboclo.
                     Também atuam nas desobsessões, na solução de problemas psíquicos e materiais, na quebra de demandas, entre outros trabalhos espirituais de Umbanda, utilizando vários recursos magísticos nos quais são iniciados. Não ostentam conhecimentos, colocam-nos em prática!
                      Seus assobios e brados  assemelham-se a mantras. Cada Caboclo emite um som, de acordo com o trabalho que vai realizar, criando condições que facilitem a incorporação e liberando bloqueios energéticos dos médiuns e consulentes. Os assobios traduzem sons básicos das Forças da Natureza, dão um impulso no campo magnético (corpo espiritual) do médium para direcioná-lo corretamente, liberando-o de cargas negativas, larvas e miasmas astrais. Nos consulentes, produzem igual efeito.
                       Os Caboclos incorporados também costumam estalar os dedos, bater no peito e estender o braço na direção do Altar. Tudo isto tem um significado magístico-religioso:
                        Estalar dos dedos- Nossas mãos têm vários terminais nervosos que se comunicam com os sete chakras principais e com os chakras menores do nosso corpo. O estalar dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (a parte gordinha da palma da mão) e reequilibra a rotação e a frequência de todos os chakras, que voltam a funcionar plenamente. O equilíbrio vibracional gera a consequente descarga de energias desequilibradas (“negativas”). Ao estalar os dedos, o Caboclo provoca essas reações no campo magnético do médium ou, conforme o caso, descarrega o campo do consulente. Ao estalar os dedos da mão esquerda, ele absorve negatividades e faz uma limpeza energética; e quando estala os da mão direita, ele irradia cargas altamente positivas e reenergiza, acalma, cura etc.
                         ●Bater no peito- Com isso, o Caboclo ativa o chakra Cardíaco do médium e equilibra suas emoções, possibilitando uma sintonia mais apurada com o medianeiro e a efetivação de um bom trabalho espiritual.
                         Estender os braços (ou um braço) para o Altar- Com esse gesto, o Caboclo lança uma “flecha energética” que ativa os Poderes e Forças assentados e firmados no Terreiro, conforme a necessidade do trabalho espiritual a realizar.
                          Esses procedimentos criam um grande centro de Forças que facilita o amparo aos consulentes, ao próprio Terreiro e a toda a corrente mediúnica.
                           Alguns Caboclos, quando se despedem do Terreiro, dizem que vão “para Aruanda”, ou “para a cidade da Jurema”. Outros falam que vão “subir para o Humaitá”, e assim por diante. São referências às colônias astrais que existem ligadas ao planeta Terra, onde eles habitam, conforme o respectivo grau de evolução. E muitas vezes os Caboclos responsáveis por Terreiros levam para essas colônias os dirigentes e demais integrantes da corrente mediúnica (durante o desdobramento normal dos seus espíritos que acontece durante o sono físico), a fim de participarem de trabalhos de auxílio a encarnados e desencarnados, para estudarem e ou receberem. Um trabalho espiritual de Umbanda não termina no Terreiro, ele prossegue no Astral. Por isso, é importante que os médiuns sigam as orientações dos Guias Espirituais sobre os preceitos para antes e depois das Giras (manter pensamentos e sentimentos elevados e uma vida diária equilibrada, inclusive no campo sexual; abster-se, ao menos por 24 horas antes e depois do trabalho espiritual,  do uso de bebida alcoólica, fumo e de qualquer substância nociva, mantendo uma alimentação isenta de alimentos de origem animal, porque são de difícil digestão; etc.).
                           Algumas pessoas perguntam o porquê de uma Linha de Trabalho Espiritual “homenagear” os povos nativos, supondo que eles seriam ignorantes e primitivos.
                           Para desfazer essa dúvida, vamos aqui reproduzir trechos do livro “MUITO ANTES DE 1500”, de DOMINGOS MAGARINOS (EPIÁGRA R.+.), que trata sobre as crenças e cultos       religiosos dos povos nativos do Brasil e da América, com base em pesquisas realizadas por vários especialistas de renome. 
                            O Autor aponta que os povos nativos (“indígenas”) da América, na época do descobrimento, mantinham cultos muito parecidos com os das culturas indiana, egípcia e grega. Eles já cultuavam a Cruz, o Sol e O Menino Louro ou Menino Deus (seria o Menino Jesus dos cristãos). Isso indicaria uma origem comum entre essas culturas e a dos povos americanos.
                             Diz ele: Paulo Schliemen é de opinião que as culturas grega, egípcia, indiana e americana tiveram origem comum. Apolo, Osíris, Ormuzd, Indra, Tomatiuh e o próprio Amon-Rá, o Deus-Sol, tão venerado no velho Egito, derivam (...) de Rá-Ná, o Deus-Sol dos maias, porque a América foi o berço da helionose (culto ao sol), conforme atestam as ruínas de Tiahuanaco. Cieza de Leon, Garcilasso de La Vega e o próprio Clemente Rice argumentam que os símbolos solares, insculpidos nos milenares monumentos monolíticos encontrados nessa região, objetivam, plenamente, que toda a remotíssima civilização pré-incaica girou em torno do Sol, fato que autoriza e justifica a versão quíchua da antiguidade e da origem americana do culto solar.
                              Le Plongeon demonstrou que Osíris, Ísis e Seth são vocábulos derivados do idioma falado no México há mais de 11.500 anos antes da era Cristã.
                              Scott-Elliot, depois de estudar a Atlântida e os atlantes, sob vários pontos de vista, fala-nos da inédita cultura americana, dizendo: “Nada parece ter surpreendido mais os aventureiros espanhóis, no México e no Peru, do que a semelhança extraordinária das crenças religiosas, dos ritos, dos emblemas do velho mundo com os que encontraram no novo. Os padres espanhóis viram nessa semelhança a intervenção maléfica do diabo. O culto da Cruz entre os nativos e a presença desse símbolo nos edifícios e solenidades religiosas foram para eles motivo de assombro. De fato, em parte alguma do mundo, na Índia ou no Egito, a Cruz era tida em maior veneração do que entre os povos primitivos do continente americano. E o que é mais extraordinário é a semelhança das palavras que significam DEUS nas principais línguas antigas do Ocidente e do Oriente.”
                              Com efeito, DYAUS ou DYAUS-PIETER- DEUS, em sânscrito; THEUS ou ZEUS, em grego; DEUS PATER ou JÚPITER, em latim; DIÁ ou TÁ, em celta; YAH ou THIÁ, em hebraico; ZÉO, TÉO ou TÁO, no idioma dos atlantes e dos aborígenes da América pré-colombiana, confirmam plenamente a afirmativa do notável autor da History of Atlantis.
                               O mesmo quanto às divindades solares, como RÁ-ANGA, entre os brasis pré-históricos; GUARACY, entre os tupi-guaranis; UARASSÚ ou YARASSÚ (vocábulo tupi) entre os babilônios; RÁ-MANÚ, entre os assírios; RÁ-NÁ, entre os maias; INDI RÁ, RÁ-MÁ, RÁMA-TCHANDRA, RÁ-VI, entre os indianos; e ainda RÁ-MA, que originou o termo Roma, entre os romanos (cognominados ramnes).
                                Mas não é tudo: YUPITAN, que lembra Júpiter, é um vocábulo abanheenga, a fala do homem primitivo, a língua que precedeu o nheengatú, a língua boa, a língua sagrada dos tupis-guaranis. Esse vocábulo é composto por YÚ- que significa louro- e PITAN, que significa infante ou criança e, portanto, mancebo ou menino louro, designando o filho do Sol, como foi perpetuado em vários cultos aborígenes do Brasil.
                                O Menino Louro ou Deus Menino- Horus dos egípcios; Harpocrates dos gregos; Dionysius dos romanos, Menino Jesus dos primitivos cristãos e, ainda hoje, dos católicos romanos- é uma reminiscência milenar do esquecido YUPITAN da arcaica teogonia amerígena.
                                 Esse YUPITAN ou YUPITÃ aparece, às vezes, sob a forma de YUBÁPITANGA. Chamam-no também ARAPITÃ, isto é, filho de ARACY, a mãe da luz (de ara=luz e cy= mãe, raiz, origem ou princípio). 
                                  umboldt, Prescott, Brasseur de Bourbourg, Le Plogeon e todos, em suma, que pesquisaram realmente as ruínas arqueológicas do México, do Peru, da Bolívia, do Chile e outros países da América, inclusive o Brasil, encontraram provas positivas de que o batismo, a confissão, a quaresma e outras cerimônias consideradas católicas constavam dos seus misteriosos rituais. HÚ, no Yucatan; INTI, em Cuzco; como AUM, na Índia e no próprio Peru, simbolizavam o IMPRONUNCIADO, o INOMINÁVEL {=Deus}.
                                   QUETZALCOATL foi a primeira manifestação cristônica para os povos da 5ª. Raça Raiz. A sua identidade com Krishna, Zoroastro, Thôt, Orfeu e Jesus é incontestável. Foi a primeira humanização do Cristo cósmico. O Kukul-Kan dos maias. O Yurupari dos tupis-guaranis. (Fonte: OBRA CITADA, páginas 53/54, MADRAS EDITORA, 2005.)
                                     Então, retomando:
                                     Ainda que os Caboclos da Umbanda fossem “apenas” espíritos de indígenas (e já foi visto que não é assim),  está aí demonstrado o grande valor cultural e religioso dos povos nativos que esta Linha homenageia. Só isto bastaria para nos sentirmos abençoados pela Misericórdia Divina, pela possibilidade de entrarmos em contato com esses espíritos tão valorosos e simples.
                                     Que possamos ter sempre a bênção dos Paizinhos Caboclos e das Mãezinhas Caboclas em nossas vidas. Salve os Caboclos da Umbanda!
                                     Nomes simbólicos: Tupinambá; Jurema; Sete Flechas; Pena Branca; Pena Verde; Pena Roxa; Pena Dourada; Pena Vermelha; Pena Amarela; Pena Azul; Pena Marrom; Cobra Coral; Arranca Toco; Iara; Jaci; Tupi; Araribóia; Toco; Jupiara; Caboclo do Sol; Caboclo da Lua; Estrela; Giramundo; da Cachoeira; Sete Pedreiras; Sete Montanhas; Sete Espadas; Flecha Branca; Folha Branca; Sete Penas; Sete Folhas; Ventania; Rompe Mato; Urubatão; Ubirajara; Aimoré etc.   
                                      Alguns nomes revelam os Orixás regentes dessas Entidades e o seu campo específico de trabalho. Outros nomes são ocultadores (V. “Tratado Geral de Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora).
                                       Seguem alguns exemplos de nomes reveladores:
                                       I- Caboclos que têm nome em tupi-guarani: Exemplos: Tupã, Tupi, Tupinambá, Aimoré, Icaraí, Ubirajara, Urubatão, Urubatã, Jaci, Indaiá, Jacira.
                                       Para saber qual Orixá os rege e lhes dá um campo específico de atuação, precisamos traduzir o nome. Exemplos:
CABOCLO ICARAÍ- Icaraí significa “água santa”. A água é um elemento de Yemanjá. O que torna algo “santo” é a Presença de Deus (o Alto do Altíssimo); e o Orixá que representa o mais Sagrado é Oxalá (porque rege o Sentido da Fé, base da religião). Logo, é um Caboclo de Oxóssi, Yemanjá e Oxalá;
CABOCLO TUPINAMBÁ- Tupinambá significa “filhos de Tupi” (ou de Tupã). Tupi é a Raiz, o Pai. Por analogia, o Orixá Oxalá é “o Pai” (porque o Seu Fator Magnetizador é a base da Criação). Logo, é um Caboclo de Oxóssi e Oxalá;
CABOCLO URUBATÃO- Urubatão (ou Urubatã) significa “madeira dura”. Madeira vem de árvore=Oxóssi; mas a madeira é a árvore que foi cortada e passou por uma transformação= Obaluayê; e dura= dureza= força=Ogum. É um Caboclo de Oxóssi, Obaluayê e Ogum;
CABOCLO URUBATÃO DA GUIA-Valem as explicações anteriores. Acrescente-se que “guia” vem de “estrela guia”, um símbolo de Oxalá. Logo, este Caboclo é de Oxóssi, Obaluayê, Ogum e Oxalá;
CABOCLO UBIRAJARA- Ubirajara significa “o atirador de lança”. A lança é de Ogum. Logo, é de Oxóssi e Ogum.
CABOCLA JACI- Jaci é “a deusa da lua”, que é associada às Divindades Ísis (egípcia) e Lakshmi (hindu). Estas, por sua vez, são relacionadas a Oxum. Logo, seria uma Cabocla de Oxóssi e Oxum. Mas a lua também pode ser associada a Oyá-Tempo, Yemanjá e Nanã, de modo que pode ser uma Cabocla com essas regências.
CABOCLA JACIRA- Jacira significa “inseto que produz mel”. Quem produz mel é a abelha, que pertence ao reino de Oxóssi. Mas o mel também representa a doçura, que se associa a Oxum. Logo, é uma Cabocla de Oxóssi e Oxum.
CABOCLO (A) INDAIÁ- Indaiá, em tupi-guarani, é um tipo de palmeira. Sendo um elemento vegetal, está ligado a Oxóssi. Seria um Caboclo (a) na Irradiação pura de Oxóssi.
 II- Caboclo “Pena”: Todo Caboclo Pena traz uma qualidade voltada para ensinar, doutrinar. A pena é de Oxóssi, Orixá do Conhecimento.
Nessa Falange, temos: ●Caboclo Pena Branca- o branco é a cor de Oxalá; logo, é um Caboclo voltado para ensinar a Fé (é de Oxóssi e Oxalá); 
●Caboclo Pena Dourada- o dourado é uma cor de Oxum; logo, vem para ensinar o Amor (é de Oxóssi e Oxum); 
●Caboclo Pena Verde- o verde é de Oxóssi; logo, vem para expandir o Conhecimento; (atua na Irradiação pura de Oxóssi); 
●Caboclo Pena Marrom- o marrom é de Xangô; logo, vem para ensinar a Justiça (é de Oxóssi e Xangô); 
●Caboclo Pena Vermelha- o vermelho é de Ogum; logo, vem para o ensino da Lei (é de Oxóssi e Ogum); etc. 
A cor que aparece no nome do Caboclo indica a qual Orixá está relacionado e em qual Sentido da Vida ele vai atuar, especificamente.
No caso do Caboclo Sete Penas, o “sete” indica que ele atua nos Sete Sentidos da Vida, ou seja, na Irradiação de todos os Orixás, sendo um doutrinador de almas.
 III- Caboclo “Flecha”: Todo Caboclo Flecha traz duas qualidades fundamentais: uma voltada para o Conhecimento (pois a flecha é de Oxóssi) e a outra voltada para o Sentido da Direção (porque a flecha também aponta numa direção, ela dá direção- Qualidade de Yansã). 
São Caboclos que atuam para dar um direcionamento na busca do Conhecimento, na expansão do nosso aprendizado. E a cor que aparecer no nome do Caboclo dará o campo específico da sua atuação.
Nessa Falange, temos: ●Caboclo Flecha Branca= direcionador do Conhecimento no campo de Oxalá= Fé; 
●Caboclo Flecha Dourada= direcionador do Conhecimento no campo de Oxum= Amor; etc.
Já o Caboclo Sete Flechas é um direcionador do Conhecimento nos Sete Sentidos da Vida (Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração). É um direcionador de almas, de espíritos.
 IV- Caboclo “Folha”: Todo Caboclo Folha traz qualidades de Oxóssi, pois a folha é de Oxóssi, o Senhor do Reino Vegetal.  E a cor da folha indicará qual outro Orixá os rege e o campo específico de suas atuações. Nessa Falange, temos: 
●Caboclo Folha Branca (de Oxóssi e Oxalá); 
●Caboclo Folha Dourada (de Oxóssi e Oxum); 
●Caboclo Folha Verde (Irradiação pura de Oxóssi); etc.
Quanto ao Caboclo Sete Folhas, há uma particularidade: a folha serve para curar; e o Orixá “dono de todas as folhas” e que cura pelas folhas é Ossaim. Como o Caboclo Sete Folhas trabalha com todas as folhas (nas sete Irradiações), vemos que traz qualidades de Ossaim. (Ossaim não é cultuado diretamente na Umbanda, e sim dentro do campo de Oxóssi.)
 V- Caboclo “Pemba”: Todo Caboclo Pemba traz qualidades de Oxum (Trono Mineral), pois a pemba é um mineral. São Caboclos de Oxóssi e Oxum. Oxóssi traz o Conhecimento e a expansão; Oxum é agregadora, atrai e reúne com harmonia.
Como nos exemplos anteriores, a cor que aparece no nome (Pemba Branca, Pemba Roxa etc.) indica o campo específico da sua atuação. Já o Caboclo Sete Pembas atua nos Sete Sentidos da Vida. (Fonte dos itens I/V: Anotações de aula do Curso Virtual de Teologia de Umbanda ministrado por Alexandre Cumino, turma 11, Plataforma EAD do Instituto Cultural Aruanda.)
 VI- Outros nomes:
●Os elementos, pontos de forças, as cores, instrumentos (flecha, escudo etc.) e condições climáticas que aparecem no nome do Caboclo dão uma indicação do Orixá que o rege e do seu campo de atuação. Exemplos: Caboclo dos Rios (Oxum); Caboclo Ventania (ventania= ar em movimento= Yansã); Caboclo do Fogo (Xangô); Caboclo da Terra (Omolu); Caboclo do Mar (Yemanjá); Caboclo do Ouro (Oxum); Caboclo do Lago (Nanã); etc.
●Há nomes ligados a verbos ou ações. Exemplos: Caboclo Rompe-Mato: romper é um ato de força= Ogum; mato= Oxóssi; logo, é de Oxóssi e Ogum; Caboclo Quebra Pedra: quebrar= Ogum; pedra= mineral=Oxum; logo, é de Ogum e Oxum.
●Os nomes de animais, em especial os de felinos (gato, jaguatirica, leopardo, leão, onça, tigre, pantera, jaguar), em geral estão diretamente associados a Oxóssi, que é o Senhor do Reino Vegetal (flora) e também da fauna (animais).
Mas alguns têm outras particularidades. Exemplo: CABOCLO COBRA CORAL. A cobra é um animal associado ao Orixá Oxumarê (a Serpente de Dan). E a cobra coral tem as cores vermelha (de Ogum), preta (de Omolu), amarela (de Yansã) e branca (de Oxalá). Logo, é um Caboclo que atua na Irradiação de Oxumarê, Ogum, Omolu, Yansã e Oxalá. (Fonte: Rubens Saraceni, “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada” e “Tratado Geral de Umbanda”, ambos da Madras Editora.)
                                   Dia da semana: 4ª feira, que é associada ao Orixá Oxóssi porque tem a regência de Mercúrio, o planeta da comunicação e do conhecimento.
                                   Linha de trabalho (campo de atuação): Conhecimento, comunicação, expansão do ser pelo aprendizado; prosperidade em todos os setores; fartura; cura espiritual e material.
                                   Ponto de Força: É a mata, onde recebem oferendas.
                                   Cor: Sua cor preferencial é o verde. Na confecção das guias ou colares, alguns Terreiros usam contas de cor verde transparente para as Caboclas e verde leitoso para os Caboclos. Outros utilizam contas brancas e verdes, bem como sementes.
                                    Elementos de trabalho:
                                    1- Ervas de todos os Orixás
ADRIANO CAMARGO relaciona as seguintes ervas: 
a) Quentes ou agressivas: guiné, picão preto, espinheira santa, jurema preta (casca), comigo-ninguém-pode;
b) Mornas ou equilibradoras: abre caminho, alecrim (todos), alfavaca, anis, arnica do mato, café folha, cipó caboclo, cipó cravo, cipó São João, louro, manjericão, peregum verde, samambaia.
Banho/Amaci de purificação ou de cura: guiné, arruda, jurema preta, quebra demanda, espadas de São Jorge e de Santa Bárbara, arnica, samambaia.
Banho/Amaci de apresentação, de Gira ou iniciação: alecrim, manjericão, hortelã, capim cidreira, folhas de café, peregum verde, flores variadas.
PORTAIS DE CURA: círculo de raízes, flores, folhas frescas e secas, quartzo verde, mel, velas verdes e velas brancas.
2- Pemba, penas, fitas, pedras, arcos, flechas, lanças;
3- Sementes- Exemplos: Olho de boi: Associado aos Orixás Oxóssi, Yansã e Oxalá. Proporciona saúde, vigor físico, recuperação energética, cura de energias “doentes”. Magnetiza a cura espiritual e material; Olho de cabra: Relacionado aos Orixás Oxumarê, Ogum e Omolu. É um bloqueador de energias agressivas. Envolve e imanta como capa protetora que fulmina tudo o que tenta ultrapassá-la e que não atenda aos propósitos da sua consagração. (Fonte: ADRIANO CAMARGO.);
4- Cipós (Fonte: ADRIANO CAMARGO). Exemplos: Cipó de caboclo (Orixá Oxóssi); Cipó cravo (Orixás Oxóssi, Yansã e Xangô); Cipó São João (Orixás Oxóssi, Yansã, Xangô, Egunitá e Omolu); Cipó angelicó ou mil homens (Orixá Xangô); Cipó suma (Orixás Oyá-Tempo e Nanã); Cipó prata (Orixá Oyá-Tempo); Cipó cabeludo (Orixás Oxum e Omolu); Cipó seda (Orixá Oxum); Cipó cruz (Orixá Obaluayê); Cipó azougue (Orixá Yansã).
5- Fumo/Defumações: charuto, benjoim, mirra, ervas secas, flores secas.
 PedraQuartzo verde; as Pedras verdes em geral (Amazonita, Crisopázio, Jade, Esmeralda, Turmalina Verde, relacionadas ao Orixá Oxóssi).
 Cozinha ritualística:
 1- Milho verde e amendoim. Regar com mel, cobrir com coco ralado e enfeitar com morangos e ou ervas frescas. 
 2-Abóbora passada no azeite de oliva. A abóbora comum (amarela) pode ser cozida em pedaços. A abóbora japonesa (esverdeada e arredondada) pode ser aferventada inteira, retirando-se a tampa e removendo-se as sementes; passar as sementes no azeite de oliva e colocar dentro da abóbora, salpicando orégano. Decorar com ervas frescas, já lavadas.
 3-Brotos de abóbora passados em azeite de oliva e enfeitados com sementes de abóbora ligeiramente torradas (secar um pouco no forno). Isto tem um efeito curativo maravilhoso e também dá “forças” para os médiuns, revitalizando seus campos energéticos.
 4-Feijão branco, feijão fradinho, grão de bico, fava vermelha, fava branca, ervilhas e lentilhas. Usar pelo menos dois tipos de grãos. Aferventar ligeiramente cada tipo de grão em separado e depois refogar todos juntos em azeite de oliva, sal, alho, cebola e tomate picadinhos e decorados com cheiro verde e temperos frescos a gosto.
 5-Frutas variadas; legumes, verduras e raízes variadas. Colocar tudo numa gamela de madeira, fazendo um arranjo bonito e bem colorido. As verduras podem forrar a gamela e ser colocadas ladeando as frutas e legumes (como uma “renda”).
 7-Moranga com frutas: Tirar uma tampa da moranga e limpá-la. Colocar a moranga sobre folhas de taioba (ou de abóbora) e colocar dentro dela frutas variadas.  Cercar com 7 copos de sumo de ervas (ou vinho). Entre os copos, firmar 1 vela verde (ou bicolor branca/verde).  
 OBSERVAÇÃO: Na Umbanda, é comum que as comidas cozidas sejam consagradas e depois ingeridas pelos médiuns e a assistência, como forma de comunhão do “axé”. Já as oferendas, propriamente, não passam por cozimento porque dos elementos naturais os Guias vão extrair o prana (energia vital) e direcioná-lo para o fim necessário (cura, limpeza energética etc.). Quando um alimento é cozido, boa parte do prana é perdida; e para os efeitos magísticos pretendidos pelos Guias isso não é aconselhável.
 BebidasCerveja branca; vinto tinto; mel; suco de frutas; chá verde; vinho tinto doce; vinho rosado licoroso; vinho branco de mesa; cerveja clara; sumo de ervas com água mineral e vinho, adoçado com mel.
 Frutas: Variadas, tais como: abacate, amendoim, abóbora, maçã, pera, moranga, morangos, grãos, trigo, carambola, milho verde, mamão, uva, laranja, banana.
 Flores: Todas, principalmente flores do campo; samambaia.
 VelasVerdes; ou bicolores branca/verde.
 Oferenda ritual: Toalha de tecido verde com barrado branco; pembas verde e branca; fitas e linhas nas cores verde e branca; frutas; bebidas; moranga; milho. (Fonte: Mãe Mônica Berezutchi, “JUS” de julho/2009.) Podemos acrescentar ervas frescas, flores do campo e samambaias, cercando tudo com velas verdes e brancas (7 de cada) ou então com 7 velas bicolores branca/verde.
 Saudação: Okê, Caboclo!
 CABOCLO NA CULTURA BRASILEIRA E NA UMBANDA- Por ALEXANDRE CUMINO
 O Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporado no seu médium Zélio Fernandino de Moraes, foi a primeira entidade a se manifestar na Umbanda, fundando a religião.
 Neste dia, foi observado que ele estava com vestes de sacerdote católico e plasmado como tal. Quando questionando por um médium clarividente sobre esta condição, o caboclo afirmou ter sido, em uma de suas encarnações, Frei Gabriel de Malagrida e que na última encarnação havia tido a oportunidade de encarnar como um índio brasileiro, e desta forma ele queria ser identificado.
 Assim, em sua primeira manifestação de Umbanda, a entidade se manifestou como caboclo e ao mesmo tempo ficou claro que desta forma se apresentou por opção, e não por falta de opção. Identificou-se como um espírito muito esclarecido e que facilmente seria reconhecido como autoridade no mundo material, mas preferiu a identificação humilde e despersonalizada de “caboclo brasileiro”. Surge então o questionamento do que realmente quer dizer a palavra Caboclo em nossa cultura e, de forma mais específica, na Umbanda.
 O dicionário Aurélio, nos diz que Caboclo é o: 1. Mestiço de branco com índio; cariboca, curiboca. 2. Antiga designação do indígena. 3. Caboclo de cor acobreada e cabelos lisos; caburé. 4. Sertanejo.
 Um dos maiores pesquisadores, se não o maior, de nossa cultura, folclore e suas influências, Luiz da Câmara Cascudo, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, onde aparece o verbete Caboco (assim mesmo sem o “l”de caboclo), descreve:
 O indígena, o nativo, o natural; mestiço de branco com Índia; mulato acobreado, com cabelo corrido. Morais fazia provir de cobre, cor de cobre, avermelhado. Diz-se comumente do habitante dos sertões, caboclo do interior, terra de caboclos, desconfiado com caboclos. Foi vocábulo injurioso e El-Rei Dom José de Portugal, pelo alvará de 4 de abril de 1755, mandava expulsar das vilas os que chamassem os filhos das indígenas de caboclos: “Proíbo que os ditos meus vassalos casados com as índias ou seus descendentes sejam tratados com o nome de cabouçolos, ou outro semelhante que possa ser injurioso.” Macedo Soares registra a sinomínia tradicional do caboclo: caburé, cabo-verde, cabra, cafuz, curiboca, cariboca, mameluco, tapuia, matuto, restingueiro, caipira. Da antiga denominação de cabocloaos mestiços avermelhados ainda há a imagem da cor maribondo caboclo, boi caboclo, formiga cabocla, pomba cabocla, todas com tonalidades vermelhas ou tijolo. Era até fins do séc. XVIII, o sinônimo oficial de indígena.
 Hoje indica o mestiço e mesmo o popular, um caboclo da terra. Discute-se ainda a origem do vocábulo, indígena ou africano. Folclore: Gustavo Barroso (Ao som da Viola, Rio de Janeiro, 1921) fixou o “Ciclo dos Caboclos” (403-419) com documentário poético e anedotal. O caboclo no folclore brasileiro é o tipo imbecil, crédulo, perdendo todas as apostas e sendo incapaz de uma resposta feliz ou de um ato louvável. Gustavo Barroso lembra que essa literatura humilhante é toda de origem branca, destinada a justificar a subalternidade do caboclo e o tratamento humilhante que lhe davam. Os episódios vem, em boa percentagem de fontes clássicas, com a mera substituição da vitima escolhida.
 O caboclo é o Manuel tolo, o Juan tonto europeu, aclimatado no continente americano com o nome de João bobo, uma espécie de sábio de Gothan. Há muitas histórias em louvor do caboclo, sua inteligência, registradas no citado livro, assim como no de José Carvalho (um matuto cearense e o caboclo do Pará, 9-15, Belém, 1930). Namoro de caboclo é aquele em que a namorada ignora quem é seu apaixonado. Num outro episódio entre o caboclo, o padre e o estudante, repete-se o motivo do melhor sonho (Mt-1626, de Aarne-Thompson). Quem tiver o mais bonito sonho comerá o queijo. Pela manhã o padre descreveu a ascensão para o Céu; o estudante sonhara com o próprio paraíso.
 O caboclo informou que, vendo um dentro do Céu e outro já perto, comera o queijo, porque ambos não mais precisariam. E tinha comido mesmo (Gustavo Barroso, 413-414). É a fábula XVII do Displina Cléricalis, de Padre Afonso (1062-1110), entre dois burgueses e um camponês, a caminho de Meca. Um dos divulgadores da novelística italiana foi Geraldo Sintio (um romano, numero 3 do Ecatommt), que a diz sucedida em Roma, no ano de 1527, com um filósofo, um astrólogo e um soldado. O tema está em quase todos os idiomas, formas e literaturas, dispensando bibliografia ilustradora. O caboclo aceitou, com a sujeição física, essa popularidade pejorativa para oficializar a inferioridade de seu estado (Luiz da Câmara Cascudo, 30 Estória Brasileiras, “O Preço do Sonho”), 30-32, Porto, 1955. Devíamos escrever “Caboco”, como todos pronunciam no Brasil, e não “Caboclo”, convencional e meramente letrado. Caboco vem de Caá, Mato, Monte, Selva; e Boc, Retirado, Saído, Provindo, Oriundo do Mato, exata e fiel imagem da impressão popular, valendo o nativo, o indígena, caboco bravo, o roceiro, o matuto bruto, chaboqueiro, bronco, creduo, mas, vez por outra, astuto, finório, disfarçado, zombeteiro. Cabôco, e a pronuncia nacional, mesmo para os letrados que escrevem “caboclo”, Caá-Boc, tirado ou procedente do mato, registra Mestre Thedóro Sampaio.
 Depois de toda esta explicação de Câmara Cascudo, fica claro o que quer dizer a figura do caboclo em nossa cultura. Com a dizimação do índio em nosso convívio, o tempo vai dissociando sua imagem da palavra, e cada vez mais o vocábulo caboclo vai se tornando na figura de linguagem um homem simples.
Os espíritos que militam na Umbanda se dividem em falanges ou povos, sejam de caboclos ou de pretos velhos, baianos, boiadeiros, marinheiros, crianças, ciganos, exu e pomba-gira.
 Vemos uma identificação despersonalizada de ego que caracteriza aqueles que estão acima da identidade individual, ou seja, as entidades na maioria das vezes não usam seus nomes de batismo, estando aquém de qualquer identificação, transcenderam a individualidade. São muitos espíritos que usam o mesmo nome como: Pena Branca, Pena Verde, Pena Roxa, Pena Vermelha, Pena Dourada, Flecha Branca, Folha Branca, Sete Flechas, Sete Penas, Sete Folhas, Sete Montanhas, Ventania, Rompe Mato, Urubatão, Ubirajara, Aimoré, Tupinambá, e outros.
 Chegamos até a encontrar num mesmo terreiro dois ou mais caboclos que usam o mesmo nome, pois não é seu nome como indivíduo, e sim, um nome que identifica seu trabalho e a força que o rege.
 Por exemplo, Pena Branca é de Oxóssi e Oxalá; Pena Dourada é de Oxóssi e Oxum; Sete Montanhas é de Xangô; Ubirajara é de Oxóssi e Ogum, etc.
Caboclo é um Mistério na Umbanda, uma linha de trabalho, uma falange, um grau, o identificador de entidades que trabalham nesta vibração que está ligada ao Orixá Oxossi, o Orixá das Matas. Existem caboclos de todos os Orixás e todos têm algo em comum que os identifica como tal, presente em sua forma de apresentação.
 Nossa essência, nosso espírito, não tem cor, nem raça. Muitos podem entender o que isto quer dizer, mas viver assim só é possível para aqueles que já se desapegaram da matéria e de sua individualidade, não vivem ou trabalham apenas para si e sim para o todo.
 Assim são os Caboclos. Poderíamos escrever páginas e páginas falando sobre o Caboclo na Umbanda, mas talvez o mais importante é que eles não sejam subestimados, pois apenas uma coisa é certeza: embora não pareça, todos eles são muito mais que caboclos. Fato que apenas não é visível ao leigo, pois como caboclos, foi apenas a forma que eles escolheram para se manifestar.
FONTE: www.seteporteiras.org.br/index.php/as-linhas-de-trabalho/caboclos 

A LINHA DAS ALMAS BENDITAS:

Os Pretos e Pretas Velhas, na Umbanda, são entidades elevadas que se apresentam estereotipados como anciãos negros conhecedores profundos da magia Divina, da manipulação de ervas. São excelente mandingueiros, mestres dos elementos da natureza, os quais utilizam em seus benzimentos e trabalhos espirituais.
Crê-se que em referência à dor e aflição sofrida pelo povo negro durante a escravidão, a linha de preto velho reflita a humildade, a sabedoria, a paciência e a perseverança. Não necessariamente todos foram escravos. Sua sabedoria e humildade são caracteristicas marcantes e sua calma e ensinamentos são profundos. Apresentam-se na Umbanda sentados em seus banquinhos atendendo seus “fios e fias” com uma linguagem simples porém sábias. A caracteristica principal desta linha é a sua elevada orientação espiritual.
Àqueles que os procuram oferecem conselhos, orientação espiritual; receitam tratamentos caseiros, banhos de ervas, chás, entre outros, para os males do corpo e do espirito
Utilizam vários elementos nos seus trabalhos como o cachimbo, cigarros de palha (que usam como defumadores, para limpeza espiritual) e ervas.
A Linha de Pretos velhos na Umbanda é regida pelo mistério Ancião, na força do Orixá Obaluaê que é o Orixa sustentador da evolução, da transmutação e transformação dos seres. Mas os Pretos Velhos também se apresentam dentro da linha de outros Orixás.
Em sua linha de atuação eles se apresentam com nomes que individualizam sua atuação, conforme o seu Orixá regente, conforme acontecia na época da escravidão, onde os negros eram nominados de acordo com a região de onde vieram, por exemplo:
  • Congo - (Pai Francisco do Congo), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Iansã;
  • Aruanda - (Pai Francisco de Aruanda), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxalá. (Aruanda quer dizer céu);
  • D´Angola - (Pai Francisco D´Angola), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Ogum;
  • Matas - (Pai Francisco das Matas), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxóssi;
  • Calunga, Cemitério ou das Almas - (Pai Francisco da Calunga, Pai Francisco do Cemitério ou Pai Francisco das Almas), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Omolu/ Obaluayê;
Os nomes mais comuns com que se apresentam são: Pai João, Pai Joaquim, Pai Benedido, Pai José De Angola, Vovó Maria, Vovó Maria D´Angola, Vovó Maria Conga, Vovó Catarina, Vovó Benedita, entre outros.

DIA DA SEMANA: Segunda-feira
LINHAS DE TRABALHO: Evolução, transmutação e transformação.
COR: Preto e Branco.
ELEMENTOS DE TRABALHO:
- Ervas (alecrim, arruda, guiné, manjericão, boldo, folha de fumo, louro, manjerona, sálvia, quebra demanda, levante);
- Palha da costa, Cruzes de madeira, pipocas, pembra branca, terços de lágrimas de Nossa senhora.
- Fumo;
PEDRAS: Turmalinas negras, cristal, ônix branco ou preto e quartzo branco.
COMIDAS:
  • Bolo de milho, pamonha, cural.
  • Pipoca;
  • Bolo de fubá;
  • Tutu de feijão;
  • Mandioca frita;
  • Batata doce;
  • Doce de abóbora;
  • Rapadura.
BEBIDAS
  • Café sem açucar;
  • Aguardente
FRUTAS: Coco seco, uva italia, melão, pêra, pinha.
FLORES: Crisântemo branco, rosa branca, margarida, azaléia branca.
VELAS:  Branca; branca e preta; roxo, lilás, violeta.

Preto velho na Cultura Brasileira e na Umbanda
Por Alexandre Cumino
Pai Antonio foi o primeiro preto-velho a se manifestar na Religião de Um­banda em seu médium Zélio Fer­nandino de Morais onde se esta­be­leceu a Tenda Nossa Senhora da Pie­dade. Assim, ele abriu esta “linha” pa­ra nossa religião, introduzindo o uso do cachimbo, guias e o culto aos Orixás.
O “Preto-velho” está ligado à cul­tura religiosa Afro Brasileira em geral e à Umbanda de forma especí­fica, pois den­tro da Religião Umban­dista este termo identifica um dos elementos for­madores de sua litur­gia, representa uma “linha de tra­balho”, uma “falange de espíritos”, to­do um grupo de mentores espi­ri­tuais que se apresentam como ne­gros anciões, ex-escravos, conhe­ce­­dores dos Orixás Africanos.
São trabalhadores da espiritua­lidade, com características próprias e cole­tivas, que valorizam o grupo em detri­mento do ego pessoal, ou seja, são simplesmente pretos e pretas velhas com Pai João e Vó Maria, por exem­plo.
Milha­res de Pais João e de Avós Maria, o que mostra um trabalho desper­sonalizado do elemento indivi­dual valorizando o elemento coletivo identificado pelo ter­mo genérico “preto-velho”. Muitos até dizem “nem tão preto e nem tão velho” ainda assim “preto velho fulano de tal”.  A falta de informa­ção é a mãe do precon­ceito, e, no caso do “preto-ve­lho”, muitos que são leigos da cultura religiosa Umbandista ou de origem africana desconhecem  valor do “preto-velho” dentro das mes­mas.
Preto é Cor e Ne­gro é Raça, logo o ter­mo “preto-velho” tor­na-se caracte­rís­tico e com sentido ape­nas dentro de um con­texto, já que fora de tal contexto o termo de uso amplo e irres­trito seria “Negro Vel­ho”, “Negro An­cião” ou ainda “Ne­gro de idade avan­çada” para iden­ti­fi­car o ho­mem da ra­ça ne­gra que encon­tra-se já na “terceira idade” (a melhor ida­de). Por conta disso alguns sentem-se des­con­for­táveis em utilizar um ter­mo que à primeira vista pode parecer des­respei­toso ao citar um amável senhor negro, já com suas madeixas bran­cas, cachimbo e sorriso fácil, por trás do olhar de homem sofri­do, que na humildade da subju­gação forçada e escrava encontrou a liberdade do espí­rito sobre a alma, através da sabedoria vinda da Mãe África, na figura de nossos Orixás, vindo de encontro à imagem e resignação de nosso senhor Jesus Cristo.
Alguns preferem chamá-los ape­nas de “Pais Velhos” o que é bonito ao ressaltar a paternidade, mas ao mesmo tempo oculta a raça que no caso é motivo de orgulho. São eles que sou­be­ram passar por uma vida de escravidão com honra e nobreza de caráter, mais um motivo de or­gulho em se auto-afirmar “nêgo véio” e ex-escravo; talvez as­sim se man­tenham para que nunca nos esque­çamos que em qualquer situa­ção temos ainda opor­tunidade de evo­luir. Quanto mais adver­sa maior a oportu­nidade de dar o testemunho de nos­sa fé.
O “preto-ve­lho” é um ícone da Umban­da, resu­min­do em si boa parte da filosofia um­ban­dista. Assim, os es­pí­ritos desen­car­­nados de ex-es­cravos se iden­ti­fi­cam e muitos ou­tros que não foram escra­vos, nesta con­dição, as­sim se apre­sentam tam­bém em home­nagem a eles, por tê-los como Mes­tres no astral.
No imaginário po­pular, por falta de informação ou por má fé de al­guns formadores de opinião, a ima­gem do “preto-velho” pode estar asso­ciada por alguns a uma visão preconceituosa, há ainda os que se assustam “com estas coisas” pois não sabem que a Um­banda é uma religião e como tal tem a única proposta de nos religar a Deus, mani­festando o espírito para a caridade e de­senvol­vendo o senti­mento de amor ao pró­ximo.  Não existe uma Umbanda “boa” e uma Umbanda “ruim”, existe sim única e exclusi­vamente uma única Umbanda que faz o bem, caso con­trário não é Umbanda e assim é com os “Preto-velhos”, todos fazem o bem sem olhar a quem, caso con­trário não é de fato um “preto-velho”, pode ser alguém disfarçado de “velho-negro”, o “preto velho” tra­balha única e exclusivamente para a caridade es­piritual.
São espíritos que se apresentam des­ta forma e que sabem que em essência não temos raça nem cor, a cada encarnação, temos uma expe­riên­cia diferente. Os pretos velhos trazem consigo o “mistério ancião”, pois não bas­ta ter a forma de um velho, antes, precisam ser espíritos amadurecidos e reconhecidos como irmãos mais velhos na senda evo­lutiva.
Quanto menos valor se dá a for­ma, mais valor se dá à mensagem, e “preto-velho” fala devagar, bem bai­xinho; quando assim se pronun­cia, to­dos se aquietam para ouví-lo, parece-nos ouvir na língua Yorubá a pa­la­vra “Atotô”, saudação a Oba­luayê que quer dizer exatamente isso: “silêncio”.
Nas culturas antigas o “velho” era sempre respeitado e ouvido co­mo fonte viva do conhecimento an­ces­tral. Hoje ainda vemos este cos­tume nas culturas indígenas e ciga­nas. Algumas tradições religiosas man­têm esta postura frente o sacer­dote mais velho, trata-se de uma he­rança cultural religiosa tão antiga quan­to nossa memória ou nossa his­tória pode ir buscar, tão antigos também são alguns dos pretos velhos que se manifestam na Umbanda.
Muitos já estão fora do ciclo reen­carnacionista, estão libertos do karma, já desvendaram o manto da ilu­são da car­ne que nos cobre com paixões e ape­gos que inexora­vel­mente ficarão para trás no caminho evolutivo.
Por tudo isso e muito mais, no dia 13 de Maio, dia da libertação dos es­cravos eu os saúdo: “Salve os Pre­tos Velhos! Sal­ve as Pretas Velhas! Adorei as Almas! Sal­ve nosso Amado Pai Obaluayê, Atotô meu Pai! Salve nossa Amada Mãe Nanã Buroquê, Saluba Nana!”

A LINHA DO POVO DAS ÁGUAS:
 A Linha dos Marinheiros da Umbanda engloba espíritos que trabalham no auxílio a encarnados e desencarnados, a partir do seu magnetismo aquático e de seus conhecimentos sobre a manipulação do Mistério das Águas.
Nela se apresentam espíritos que em últimas encarnações foram marinheiros de fato, navegadores, oficiais, pescadores, povos ribeirinhos, canoeiros, ex-piratas etc.
É o arquétipo do homem litorâneo, daquele que sobrevive do mar e dos rios.
A Linha dos Marinheiros tem a Regência direta dos Orixás Yemanjá e Omolu.
Yemanjá rege “a parte de cima” do mar e Omolu rege “a parte de baixo”.
Yemanjá rege o mar (“calunga grande”) e dá sustentação e amparo aos espíritos que nele viveram de forma positiva, extraindo de suas águas recursos para alimentar vidas.  
 Omolu rege a terra (“calunga pequena”) e sustenta o eterno vai-e-vem das águas. Mas também atrai para os seus domínios os espíritos que se utilizaram do mar de forma negativa, alimentando apenas seus instintos inferiores.
Esta Linha de Trabalho é também chamada de “Povos da Água” e está relacionada a outras Mães das Águas: Oxum (águas doces), Nanã (lagos e lagoas), Yansã (água da chuva), Oyá-Tempo (água do sereno). Mas sua principal Regente é Yemanjá.
Os Marinheiros trabalham ainda sob influência das Forças Naturais que enfrentam no mar, tais como: as calmarias (Mistério de Oxalá); os raios (Mistério de Xangô); os tufões (Mistério de Yansã); os ciclones (Mistério de Oyá-Tempo); os bancos de areia (Mistério de Omolu); os recifes de corais (Mistério de Obá); os sargaços (Mistério de Oxóssi); as correntes marinhas (Mistério de Ogum).
Para lidar com essas energias, os Marinheiros precisam do conhecimento e da licença dos Orixás Regentes.
Portanto, ser um Marinheiro de Umbanda requer “preparo”!...
Nos Terreiros, a chegada dos Marinheiros traz uma alegria contagiante. Abraçam a todos, brincam com um jeito maroto, gingando pra lá e pra cá, PARECENDO embriagados.
 Mas NÃO estão embriagados, como se poderia pensar. É o seu magnetismo aquático que os faz ficar “balançando”.
 Cada elemento tem o seu magnetismo. E os espíritos que se manifestam naquela Irradiação têm magnetismo idêntico.
 O que faz o mar ondular é o magnetismo característico de Mãe Yemanjá, Regente Divina dessas águas e da Linha dos Marinheiros. Logo, os Marinheiros têm esse magnetismo “ondulante”.
Ao incorporar em seu médium, o Marinheiro “bambeia”, ele se movimenta como quem se equilibra no tombadilho de um navio ou de um barco em alto mar. Desta forma, ele libera energias em formas onduladas, é através dos seus “balanços” que lembram os movimentos de uma pessoa embriagada. (Se ficarmos algum tempo no mar, vamos entender melhor isso: ao voltar para terra firme, sentiremos estar “balançando”, “bambeando”, ainda sob o efeito do movimento ondulante do mar.)
Os “balanços” dos Marinheiros liberam ondas de forte magnetismo aquático que desagregam acúmulos negativos de origem externa e interna, equilibram nosso emocional e mental e nos dão condições de gerar coisas positivas em nossas vidas. Vale lembrar que as águas simbolizam as nossas emoções e estão ligadas à origem da vida.
Nas Giras de desenvolvimento o magnetismo dos Marinheiros é um potente equilibrador emocional do médium, colaborando de forma essencial no processo.
 A Linha atua preferencialmente na diluição de cargas trevosas e em trabalhos voltados para a cura emocional do consulente, muitas vezes com a ajuda de seres Elementais da Água que são atraídos com tal propósito. O contato com esses seres realiza uma potente limpeza em nosso campo magnético, uma verdadeira “explosão” de energia equilibradora.
 Os Marinheiros são Magos dos Mistérios Aquáticos. Atuam de forma única dentro da Umbanda, na manipulação de energias que nos libertam de bloqueios íntimos e nos dão equilíbrio emocional. Pode parecer pouco, mas hoje a própria ciência analisa e admite os efeitos dos distúrbios emocionais como geradores de várias enfermidades. De modo que a cura emocional é o primeiro grande passo para outras conquistas.
 Os Marujos lidam com os consulentes de forma simpática e extrovertida, “quebrando o gelo” e deixando o assistido muito à vontade, o que facilita a recepção dessas energias equilibradoras e curadoras.
 Sua linguagem é bastante simbólica:
●“o mar”― expressão que usam significando a nossa vida. Quando falam que “o mar tá bravo”, é porque o médium ou o consulente está com dificuldades na vida por não saber lidar com as emoções;
 ●“barco”― maneira pela qual nos designam (é o próprio médium, é o consulente);
●“Capitão Maior/Capitão do Navio”― expressões para se referirem a Deus.
 Além dos trabalhos de descarrego e quebra de magias negativas, dão consultas e passes. Costumam ir direto ao ponto, sem rodeios. Mas sabem como falar aos consulentes sem criar um clima desagradável ou de medo.
São amigos, trazem uma mensagem de esperança e força. Sempre nos alertam para agir com fé e confiança e desbravar o desconhecido, seja do nosso interior ou do mundo que nos rodeia.  
 Algumas vezes, ao incorporar, os Marinheiros precisam tomar alguma bebida alcoólica para não prejudicar o físico do médium. Como se explica isso?
 Acontece que o nosso organismo queima ou consome energia; e o álcool produzido pelos amidos que ingerimos sustenta essa queima.
No caso, sem ingerir a bebida, o magnetismo da Entidade absorverá muito do álcool do corpo do médium, prejudicando suas funções.
Quando espíritos regidos por magnetismos densos (água, terra e fogo) incorporam, eles precisam ingerir alguma bebida alcoólica, para não consumir aquele álcool do corpo do médium. Caso contrário, irão paralisar o organismo do médium em algumas de suas funções.
O uso da bebida dá fluidez e volatilidade às vibrações desses espíritos, expande seus campos magnéticos e possibilita a estabilização e o equilíbrio nas incorporações.
 Como os Marinheiros vivem na irradiação aquática do mar, quando incorporam, parece-lhes que é o solo que está se movendo. Daí, com funções inversas, o álcool lhes dá estabilidade e equilíbrio para ficarem parados e darem atendimento às pessoas.
 O álcool tira o equilíbrio de uma pessoa. Mas, assim como o veneno de cobra é o único antídoto contra picadas de cobras, com os Marinheiros a ingestão de bebida alcoólica lhes dá estabilidade. Porém, esse consumo precisará ser controlado e restrito a uma dose mínima!
 Dentro de um trabalho espiritual, o excesso de bebida nunca se justifica. O Guia é um espírito que se preparou e obteve a permissão da Lei Divina para vir nos ajudar; é um mago que sabe como manipular os elementos e usa o mínimo necessário, pois não precisa de “quantidade”. Quando há excesso, isso se dá pela ignorância (despreparo), ou então pela vaidade do médium.
(FONTE: “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora, 2007, páginas 113/115.)
 Nomes simbólicos: Martim Pescador, Marinheiro das Sete Praias, João das Sete Ondas, Capitão dos Mares, João da Praia, Zé do Mar, Zé Pescador, João da Marina, Zé da Maré, Antonio das Águas, Zé da Jangada, Seu Antenor, Seu Jangadeiro, João Canoeiro, Zé dos Remos, João do Rio etc.
 Dia da semana:  A 2ª feira, dia associado à Lua e ao Orixá Yemanjá. Também a 6ª feira, regida por Netuno, planeta relacionado a Yemanjá.
 Campo de atuação: Quebra de bloqueios emocionais; equilíbrio das emoções; limpeza energética; quebra de magias negativas.
 Ponto de força: A beira-mar; beira dos rios.
Saudação: Salve a Marujada!
Cor: Azul claro e branco.
Elementos de trabalho: Pedras, conchas, búzios, estrelas do mar, caramujos, velas, fitas e linhas, areia, arroz, cebola branca. 
 Ervas: Alfazema, erva-cidreira, anis estrelado, rosa branca, camomila, manjericão, erva de Santa Maria, mentruz, hibisco (flor), manjerona, mulungu (casca e raiz), noz moscada, margarida, sensitiva, arroz, erva de bicho, buchinha do norte, casca de alho, casca de cebola.
Fumos/defumação: Charuto; cigarrilha; fumos diversos feitos de ervas enroladas na palha.
Incenso: Rosas brancas, alfazema, anis estrelado.
 Pedras: As pedras azuis. Exemplos: Água-Marinha, Topázio Azul, Calcedônia, Quartzo Azul. Também as pedras pretas, quando o trabalho é para uma limpeza pesada. Exemplos: Vassoura da Bruxa, Turmalina Preta. (Fonte: Angélica Lisanty, “Os Cristais e os Orixás”, Madras Editora, 2008, página 84.)
 Bebidas: Suco de pera e de melão; água de coco; leite com mel; cerveja clara; conhaque com mel; rum; pinga com mel; vinho branco.
 Frutas: Melancia, melão, pêra, pêssego, laranjas, figo, maçãs, uvas verdes, carambola. Também as frutas de polpa branca em geral.
 Flores: Cravo branco, palmas brancas, rosas brancas; as flores brancas em geral; hortênsia.
 Oferenda ritual: Velas, pembas, fitas e linhas de cor branca e azul claro; cravos bran­cos; frutas variadas; bebidas: rum, aguardente ou cerveja branca.
 Cozinha ritualística:
 1-Moqueca mista: 5oo g de camarão, postas de peixe, sal, pimenta, 2 colheres (sopa) de suco de limão, 2 colheres (sopa) de dendê, 1 colher (sopa) de azeite de oliva, 2 cebolas raladas, 5 tomates sem pele picadinhos, 1 pimenta vermelha picada sem sementes, 1 pimentão amarelo picadinho,  cheiro-verde picado, meia xícara de leite de coco. Temperar o peixe e o camarão com sal e limão. Colocar o dendê numa panela, aquecer e refogar ligeiramente a cebola, o tomate, o pimentão e a pimenta, com o sal. Juntar o camarão e o peixe e levar ao fogo brando por uns 20 minutos. Adicionar o cheiro-verde e o leite de coco. Servir com arroz branco ou com acaçá.
 2-Arroz branco com camarão. Refogar uma porção de camarão no azeite de oliva com cebola, alho, sal, tomate, pimentão amarelo picadinho e temperos frescos a gosto. Cozinhar o arroz e decorar com o camarão.
 3-Abobrinhas recheadas com arroz- Cozinhar arroz branco com os temperos comuns. Quando começar a secar, abaixar bem o fogo, juntar um pouco de leite de coco, mexer e esperar terminar o cozimento. Em separado, lavar e cortar algumas abobrinhas, no sentido do comprimento, retirando parte da polpa (fazer um buraco para colocar o recheio). Polvilhar um pouco de sal nas abobrinhas e cozinhá-las em banho-maria, cuidando para que não amoleçam. Rechear as abobrinhas com o arroz e decorar com cheiro-verde e temperos a gosto. Regar com um fio de azeite de oliva. [A mesma receita pode ser feita com batatas grandes: tirar uma tampa; remover parte da polpa com uma colher, abrindo um buraco para o recheio. Cozinhar e depois rechear. Podem-se acrescentar camarões pequenos temperados com sal e limão e refogados em azeite, tanto no arroz quanto nas batatas.]
 4-Peixe na cerveja- Lavar alguns filés de pescada (ou outro peixe de água salgada), depois espremer sobre eles um pouco de suco de limão e tornar a lavar. Salgar os filés e colocá-los de molho por cerca de 1 hora numa mistura de cerveja branca, batatinha em rodelas finas, alho, cebola e tomate bem picadinhos. Em seguida, levar para cozinhar em fogo bem baixo, com cuidado, para não quebrar os filés. Podemos intercalar: camadas da batata em rodelas finas; molho; peixe. [Observação: Esse peixe também pode ser assado. Ou pode ser empanado em farinha de trigo e frito e neste caso refogamos a batata, a cebola, o alho e o tomate num pouco de azeite de oliva e colocamos essa mistura sobre o peixe já frito.]
 5-Frutas aquosas, tais como: melancia, melão, pêra, pêssego, laranjas, figo, maçãs. Também as frutas de polpa branca em geral. Colocar num prato de papelão forrado com ervas (erva-doce fresca, capim cidrão etc.) ou então num “barco” feito com a casca da melancia ou do melão. Decorar com pétalas de flores brancas.



A LINHA DOS CABOCLOS DE COURO/BOIADEIROS:

Os espíritos que se manifestam na Umbanda na Linha dos Boiadeiros são aguerridos, valorosos, sisudos, de poucas palavras, mas de muitas ações.
 Apresentam-se como espíritos que encarnaram, em algum momento, como tocadores de boiada, vaqueiros, pastoreadores etc.
 Os seus pontos cantados sempre aludem a bois e boiadas, a campos e viagens, a ventanias e tempestades.
 O laço e o chicote são seus instrumentos magísticos de trabalhos espirituais. Eventualmente usam colares de sementes ou de pedras.
 O Arquétipo da Linha de Boiadeiros é a figura mítica do peão sertanejo, do tocador de gado, enfim, dos homens que viveram na lida do campo e dos animais e que desenvolveram muita força e habilidade para lidar contra as intempéries e as adversidades.
 É um Arquétipo forte, impositivo, vigoroso, valente e destemido. Representa a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, também chamado de caboclo sertanejo. Lembra os vaqueiros, boiadeiros, laçadores, peões e tocadores de viola; muitos deles mestiços, filhos de branco com índio, de índio com negro etc., trazendo à nossa lembrança a essência da miscigenação do povo brasileiro, com seus costumes, crendices, superstições e fé.
 Existem, no Astral, muitos espíritos que, em suas últimas encarnações, praticamente viveram sobre o lombo dos cavalos, dedicando-se a criar e a domesticar esses animais, tão úteis à humanidade, já que até um século atrás o cavalo era o principal meio de transporte. Foram vaqueiros, domadores de cavalos, soldados de cavalaria etc., e guardam em suas memórias recordações preciosas e inesquecíveis daqueles tempos. Em homenagem a eles é que se construiu, no Astral, o Arquétipo da Linha dos Boiadeiros.
Nesta Linha manifestam-se espíritos que usam seus conhecimentos ocultos para auxiliar pessoas que estejam atravessando momentos muito difíceis. São combativos, inclusive no corte de magias negativas, porque conseguem promover “um choque” em nosso campo magnético e liberá-lo de acúmulos negativos, obsessores etc.
 Nem todos foram, de fato, “boiadeiros”, mas todos eles têm em comum a capacidade de atuar num campo específico e que caracteriza a Linha, qual seja o de nos trazer uma energia vigorosa, muito útil na quebra de cargas e magias negativas e para desfazer “cristalizações” mentais negativas, pois os Boiadeiros atuam no campo da Lei Divina e na Linha do Tempo.
 A Linha de Boiadeiros é sustentada, num dos seus Mistérios, pelo Orixá Ogum. Por isso, eles são verdadeiros “soldados” que vigiam tudo o que acontece dentro do campo da Lei Maior, estando sempre prontos a acudir os necessitados.
 Na Linha do Tempo, atuam sob a Regência de Mãe Oyá-Tempo e de Mãe Yansã, combatendo as forças das trevas pela libertação e o reerguimento consciencial dos espíritos que se negativaram, se desequilibraram e se perderam, recolhendo-os e os encaminhando para o seu local de merecimento na Criação.
 Embora a Linha seja sustentada por esses Orixás (Ogum, Oyá-Tempo e Yansã), cada Boiadeiro vem na Irradiação de um ou mais Orixás que os regem especificamente, como acontece nas demais Linhas de Trabalho da Umbanda.
 Na linguagem dos Boiadeiros, “boi” é o próprio ser humano em desequilíbrio. Ou seja, são os espíritos encarnados e os desencarnados em desequilíbrio perante a Lei Maior, necessitados de auxílio. Suas referências a cavalos, a tocar a boiada, a laçar e trazer de volta “o boi” desgarrado do rebanho, ou atolado na lama, ou arrastado pelos temporais, ou que se embrenhou nas matas e se perdeu, ou que foi atravessar o rio e foi arrastado pela correnteza etc., tudo isso tem a ver com o trabalho realizado pelos destemidos Boiadeiros de Umbanda: eles resgatam os espíritos que se rebelaram contra a Lei Divina, pois esses espíritos são como “bois e cavalos” que não aceitam os “cabrestos” ou limites criados pela Lei de Deus e que por isso precisam ser “domesticados” e educados. Nada melhor que os Boiadeiros para fazer isso.
 Quando um Boiadeiro da Umbanda gira no ar o seu laço, ele está criando magisticamente, dentro do espaço religioso do Terreiro, as ondas espiraladas do Tempo, que irão recolher os espíritos perdidos nas próprias memórias desequilibradas e/ou irão desfazer energias densas acumuladas no decorrer do tempo.
 Já quando um Boiadeiro vibra o seu chicote, está recorrendo de forma magística e religiosa à Divina Mãe Yansã, para movimentar e direcionar os espíritos estagnados no erro e na desordem. É muito efetivo o seu trabalho contra os espíritos endurecidos (“eguns”).
 Dentro da Linha de Boiadeiros, em algumas Casas também se manifestam os “Cangaceiros”, simbolizando os espíritos daqueles que em recente encarnação viveram no sertão e lutaram contra grandes injustiças sociais. Isso pode parecer estranho, à primeira vista, e muitos se perguntam o quê um “cangaceiro” teria a oferecer, em termos de trabalho espiritual de ajuda.
 Ocorre que os “cangaceiros” do sertão brasileiro de fato surgiram, em meados dos anos 1920, para defender as populações humildes dos maus tratos e desmandos dos “coronéis” e demais detentores do poder material, que massacravam os menos favorecidos, tomando-lhes muitas vezes até as mulheres, os poucos bens e a dignidade pessoal. Esses homens “poderosos” mandavam e desmandavam, pois se achavam acima das leis humanas e, por certo, não conheciam ou não respeitavam as Leis Divinas. E os “cangaceiros” (Lampião e seu “bando”, os mais famosos) representaram, à época, um movimento popular de revolta e combate a tais desmandos. Foram marginalizados, até porque aos “poderosos” isso convinha. É provável que tenham cometido lá seus excessos também, respondendo à violência das armas com outras armas; mas, pelo menos, tinham a justificativa de estar lutando pelos mais fracos. Já os opressores, qual desculpa teriam?
 Enfim, o temperamento combativo desses espíritos de certa forma foi-se agrupando à Linha dos Boiadeiros e eles começaram a se manifestar para trabalhar, nos Terreiros de Umbanda que os acolhiam. Não são “bandidos e malfeitores”, mas espíritos que têm identificação com o Arquétipo do sertanejo forte e destemido.
 Há Casas em que os Cangaceiros vêm na Linha de Baianos. Mas, tecnicamente falando, e sem desrespeitar opiniões em contrário, se bem analisarmos os Arquétipos das duas Linhas mencionadas, parece mais adequado a sua aproximação com os Boiadeiros. Porque o Arquétipo do Boiadeiro é o do homem sertanejo. Já o Arquétipo dos Baianos é o dos Sacerdotes (construído a partir dos primeiros Sacerdotes da Bahia e do Nordeste, que mantiveram, sustentaram e divulgaram o Culto aos Orixás). Mas, é claro, a Umbanda é uma religião universalista, voltada unicamente para a prática do Bem, de modo que não vale a pena discutir sobre divergências menores. Essencial é verificar se os espíritos que se manifestam estão praticando o Bem, dentro dos fundamentos da religião, independente do nome com o qual se apresentem.
 Significado de algumas expressões usadas pelos Boiadeiros (Fonte: “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Saraceni, 2007, Madras Editora, página 110) ―:
 Cavalos= filhos de fé;
 Boi= espírito acomodado;
 Boiada= grande grupo de espíritos reunidos por eles e reconduzidos lentamente às suas sendas evolucionistas;
 Laçar= recolher à força os espíritos rebelados;
 Boi atolado= espírito que afundou nos lamaçais e regiões pantanosas;
 Boi açoitado pelos temporais= egum caído nos domínios de Yansã e do Tempo, onde os “temporais são inclementes”;
 Açoite ou chicote= instrumento mágico de Yansã, feito de fios de crina ou de rabo de cavalo;
 Laço= instrumento do Tempo (Mãe Oyá-Tempo);
 Bois afogados em rios= espíritos caídos nas águas profundas das paixões humanas;
 Bois arrastados pelas correntezas= espíritos arrastados pelas correntezas turbulentas da vida;
 Bois que se embrenharam nas matas e se perderam= espíritos que entraram de forma errada nos domínios de Oxóssi;
 Bois atolados em lamaçais= espíritos caídos nos domínios de Nanã Buruquê;
 Bois perdidos nos pantanais= espíritos que abandonaram a segurança da razão e se entregaram às incertezas das emoções.
 Nomes simbólicos: Boiadeiro da Serra da Estrela, Zé do Laço, Zé das Campinas, João Boiadeiro, Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Boiadeiro de Imbaúba, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro, Boiadeiro do Chapadão.
 Dia da semanaA terça-feira, associada a Marte e aos Orixás Ogum e Yansã.
 Algumas Casas lhes dedicam a quinta-feira, na regência do planeta Júpiter, este associado aos Orixás Xangô e Egunitá, por entenderem que os Boiadeiros são regidos pelos Orixás Ogum, Yansã e Egunitá. Considerando que há uma grande ligação entre os campos da Lei e da Justiça Divinas, essa interpretação tem lá seus fundamentos.
 Campo de atuação: Recolhem os espíritos que se desviaram perante a Lei Divina e agem de forma desequilibrada em qualquer dos Sentidos da Vida; combatem os espíritos trevosos e as magias negativas; promovem uma limpeza profunda em nosso campo magnético, despertando em nossas vidas, de forma ordenada, movimento e direção.
 Ponto de força: Os caminhos, as campinas, os espaços abertos e as pedreiras.
 Saudação: Jetuá, Boiadeiro!
 Cor: Azul escuro e amarelo. Em algumas Casas também o marrom e/ou o roxo.
 Elementos de trabalho: Berrante, couro, laço, cabaça, terra, pedras, semente olho de boi, anis estrelado, corda, chifres, chicotes, pembas. 
 Ervas: Folhas de bambu, arruda, eucalipto, peregum, quebra-demanda, espada de São Jorge, lança de Ogum, espada de Santa Bárbara, pinhão roxo, casca de alho, casca de cebola, canela, anis estrelado, cravo, folhas de limão e de laranjeira, folhas de café e de fumo (tabaco).
 Fumo/defumação: Cigarro de palha, fumo de corda, charuto.
 Incenso: Benjoim, anis estrelado, cravo, canela, arruda, eucalipto.
 Pedras: Hematita, Granada, Turmalina Preta, Ônix Preto. Também e especialmente as Drusas de Cristal e as Drusas de Ametista. As drusas são agrupamentos de várias pontas em uma única base. Elas trabalham a união e o agrupamento de pessoas ou de objetivos e limpam o ambiente. (Fonte quanto às Drusas: “Os cristais e os Orixás”, Angélica Lisanty, Madras Editora, 2008, página 84.)
 Frutos: Abacaxi, carambola, limão, laranja, uva, banana, açaí, frutas de casca amarela ou vermelha, as frutas ácidas em geral, abóbora, cará, mandioca.
 Flores: Cravos vermelhos, rosas vermelhas e amarelas, flores vermelhas e amarelas em geral.
 Bebidas: Suco de frutas ácidas; vinho tinto seco; vinho branco; aguardente com pedaços de canela; água de coco; cerveja clara; conhaque; café com canela; vinho tinto doce ligeiramente aferventado com folhas frescas de eucalipto; vinho tinto doce fervido com pedacinhos de gengibre.
 Resina: Benjoim (serve apenas para defumações, e NÃO para banhos).
 Oferenda: Frutas, ervas (inclusive dos Orixás Ogum, Oyá-Tempo e Yansã), bebidas, pedras, velas.
 Cozinha ritualística:
 1-Caldo de mocotó- Cozinhar um mocotó em água, com uma colher de sopa de vinho tinto seco. Depois de cozido, retirar a panela do fogo. Retirar um pouco do caldo, acrescentar cerca de uma colher de sopa de farinha de milho branca e mexer para dissolver bem a farinha. Acrescentar essa mistura ao caldo que ficou na panela e misturar bem. Temperar tudo com sal, alho, cebola e temperos frescos a gosto. Levar de novo ao fogo e deixar aferventar um pouco. Esse caldo é muito nutritivo e também tem um poder de “limpeza” extraordinário em casos de magias negativas e de enfraquecimento do campo mediúnico.
 2-Cebola branca deixada no sereno- Descascar uma ou mais cebolas brancas, cortar em fatias grossas e deixar de molho em água mineral, numa vasilha branca (de louça ou de vidro) coberta com um pano branco e colocada no tempo (em espaço aberto) durante uma noite, para receber sereno. Coar. O sumo que fica (água mineral + o sumo da cebola + a ação do sereno) é muito bom para purificação e equilíbrio. Pode ser usado para banho, desta maneira: ferver um pouco de água, retirar do fogo e esperar amornar. Acrescentar um pouco daquele sumo e fazer o banho.
As rodelas de cebola também podem ser passadas em azeite de oliva, temperadas com uma pitada de sal e folhas de manjericão ou de hortelã picadinhas e servidas para a Entidade manipular, ou podem ser ingeridas pelas pessoas. Isso tem ação curativa e alto poder de limpeza.
3-Arroz com lentilhas (ou ervilhas) e carne seca desfiada- Lavar as lentilhas (ou ervilhas) e deixar de molho em água por cerca de uma hora. Escorrer e reservar. Dessalgar a carne seca e cozinhá-la um pouco em água com dentes de alho picadinhos. Juntar as lentilhas (ou ervilhas) e esperar até que tudo esteja cozido. Retirar a carne seca e desfiar. Refogar a carne desfiada com cebola, alho picadinho, pimenta vermelha picadinha e sem as sementes, orégano e/ou cheiro verde a gosto. Reservar. Refogar o arroz e juntar água quente para o cozimento. Quando estiver quase seco, acrescentar a carne seca desfiada e as lentilhas (ou ervilhas). Terminar o cozimento em fogo mínimo. Pode-se também servir este arroz acompanhado de pedaços de abóbora cozida e refogada em azeite, sal e temperos a gosto.
 4-Feijão tropeiro- Dessalgar e cozinhar um pedaço de carne seca cortada em cubinhos. Guardar a água do cozimento.  Reservar a carne já cozida. Cozinhar um pouco de feijão naquela água onde a carne seca foi cozida, deixando-o em ponto firme, para que os grãos não desmanchem. Reservar o feijão e um pouquinho da água do seu cozimento (uma concha pequena). Em separado, aferventar duas vezes uma calabresa e um paio, trocando a água da fervura para eliminar excessos de gordura. Retirar a pele e cortar em cubinhos. Dourar em azeite de oliva alguns dentes de alho e uma cebola picadinhos. Colocar sal a gosto e acrescentar a carne seca, as linguiças e por último o feijão com um pouquinho da água do seu cozimento. Mexer com cuidado.  Juntar um pouquinho de farinha de mandioca torrada ou de farinha de milho, misturando tudo para dar o ponto de um virado. Acrescentar temperos frescos picadinhos a gosto (cheiro-verde, orégano, pimenta etc.). Regar com um fio de azeite de oliva.
 5-Arroz tropeiro- Meio kg de arroz, 200 g de lombo de porco, 200 g de costelinha defumada,uma linguiça defumada, 200 g de carne de sol, várias cebolas pequenas inteiras.
Preparo: O lombo é a única carne que precisa ser temperada com alho e sal a gosto.  Fritar à parte: a linguiça, a carne de sol e a costelinha; depois, fritar o lombo e, assim que ficar bem dourado, colocar os outros ingredientes já fritos e o arroz. Acrescentar água quente e deixar o arroz cozinhar.  Servir com couve refogada.
 6-Frutas variadas, especialmente as de polpa vermelha e as de casca amarela.
 7-Costela de boi- Temperar com sal, alho e cebola, tomate, pimentão amarelo e vermelho e cheiro-verde (todos picadinhos), orégano e um pouco de vinho tinto ou de vinagre. Deixar a costela de molho nessa mistura por cerca de uma hora. Fazer assada com batatas e/ou fatias de batata doce. Também pode ser refogada e dourada na panela.
 8-Arroz carreteiro- ½ kg de arroz, 50 g bacon, ½ kg de carne seca, 1 linguiça calabresa defumada, 1 linguiça mista, 1 cebola picada, 2 dentes de alho picados, 1 colher de óleo. Preparo: Dessalgar a carne seca e cortar em cubos. Fritar o bacon até dourar e reservar. Fritar as linguiças e reservar. Numa panela grande o suficiente, refogar o alho e depois a cebola. Acrescentar a carne seca, a linguiça e o bacon e dar uma boa refogada. Colocar o arroz e refogar. Juntar água quente, o necessário para o cozimento do arroz.
 9-Arroz Tropeiro mineiro- Meio quilo de arroz, 1 colher de óleo, 1 tablete de caldo de galinha, pimenta-do-reino a gosto, 1/2 quilo de carne de sol; três dentes de alho, 1 cebola roxa, 2 tomates e salsinha bem picadinhos. Preparo: Picar a carne em tiras finas e refogar em óleo e alho. Adicionar um pouco de água quente e deixar a carne cozinhar por uns 10 minutos. Em separado, ferver água para o cozimento do arroz; quando ferver, juntar a ela o caldo de galinha e os temperos picados. Colocar o arroz para refogar junto com a carne. Adicionar a água que foi fervida e temperada para o cozimento do arroz. Não deixar secar muito, pois o ponto desse arroz é meio mole.
 10- Carne seca com farofa de farinha de milho amarela e torresmo, acompanhada de mandioca, cará e pedaços de abóbora cozidos. Decorar com pimentas.
 11-Leite de cabra- Oferendar em copos ou em metades de casca de coco, especialmente em trabalhos de limpeza “pesada” e para saúde. Pode-se fazer banho: aquecer água e retirar do fogo. Juntar um pouquinho do leite de cabra e fazer o banho.
 Texto doutrinário: Os Boiadeiros
Fonte: “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora, 2007, páginas 108/109 e 111.
A Bíblia cita carruagens de fogo (de luz) puxadas por cavalos. Também cita os Cavaleiros do apocalipse, em suas cavalgadas pelo espaço levando o terror aos pecadores.
Outras mitologias religiosas citam seres espirituais que cavalgam pelo espaço infinito. Inclusive, a Mitologia cita as Valquírias, que eram (ou são) exímias amazonas sobrenaturais. A mitologia grega cita Pegasus, o cavalo alado, e cita seres que têm corpo de cavalo e humano.
Bem, separando as descrições míticas, temos de fato espíritos de cavalos que, após desencarnarem, retornam para uma dimensão da vida que é, em si, uma realidade de DEUS, toda dedicada a abrigá-los. E não só aos que encarnaram, porque essa realidade se assemelha a um sonho ou a um conto de fadas. Além de ser uma dimensão quase toda plana, só quebrada por algumas ravinas, colinas, bosques e riachos, ela é infinita em qualquer direção, e é toda verdejante, recoberta por algumas espécies de gramíneas ou capins de baixa estatura.
Nela vivem equinos das mais variadas espécies, cada uma tão bela quanto as outras; e andam em manadas tão grandes que encantam os olhos de quem os vê correndo ao longe.
Ninguém é obrigado a crer no que aqui revelamos, mas essa dimensão realmente existe. Assim como existem os verdadeiros exércitos de espíritos montados em seus garbosos cavalos que, a um comando dos seus montadores, se atiram numa cavalgada pelo espaço.
Briosos e fogosos, esses cavalos obedecem aos seus montadores como se ouvissem o pensamento deles.
Esses exércitos de espíritos montados vigiam, como soldados dedicados, tudo o que acontece nos campos da Lei Maior e sempre estão prontos e alertas para acudirem os necessitados.
Ogum, na Umbanda, difere um pouco de sua descrição no Candomblé porque nela Ele foi todo associado à Lei Maior e é “o senhor das demandas”.
Ogum corta demandas o tempo todo para os umbandistas. São pedidos e mais pedidos nesse sentido e ninguém mudará essa imagem, esse arquétipo de Ogum, pois foi pra exercê-la que ele foi incorporado à nascente religião umbandista.
Pois bem, a Linha de Boiadeiros é sustentada, em um dos seus Mistérios, por Ogum, e a alusão aos cavalos, ao tocar da boiada, ao laçar e trazer de volta o boi desgarrado do rebanho, o atolado na lama, o arrastado pelos temporais, o que se embrenhou nas matas e se perdeu, o que foi atravessar o rio e foi arrastado pela correnteza, etc., tudo tem a ver com o trabalho realizado por esses destemidos espíritos Boiadeiros de Umbanda.
E assim sucessivamente com as alusões dos seus pontos cantados, pois as “ventanias”, as “poeiras”, as “enxurradas” e outros simbolismos indicam os campos de atuação e de ações desses espíritos aguerridos que lidam com os “bois desgarrados do grande rebanho”.
Na Bíblia, o cordeiro simboliza espírito.
Na Umbanda dos Boiadeiros eles são chamados de “bois”.
Boiadeiros são espíritos que conduzem de volta às pastagens tranquilas e seguras os “bois” que se “desgarraram” e se desviaram da grande corrente evolucionista humana.
É para buscá-los de volta e reincorporá-los, mesmo que à força (o laço e o chicote), que os Boiadeiros (Caboclos de Ogum ligados ao TEMPO) existem.
Eles não são só espíritos de ex-vaqueiros ou ex-peões. Eles são grandes resgatadores de espíritos rebelados contra a Lei Maior porque não aceitam os “cabrestos” ou as “peias” criadas por ela [Lei Maior] para educar os “cavalos e bois” [espíritos] chucros e arredios, difíceis de serem domados e domesticados.
O simbolismo por alusão é tão associado à lida com o gado e com suas dificuldades que, ou o interpretamos corretamente ou muitos desavisados ficarão com a impressão de que eles são só espíritos de ex-peões tocadores de gado do plano material.
Ogum é o senhor das demandas;
Yansã é a senhora dos Eguns (espíritos);
Logunan é a senhora do Tempo cronológico [Obs.: do tempo que passa, das eras, e também do Tempo Infinito de Deus, que é a eternidade].
No tempo, em que tudo acontece (a evolução), esses Caboclos de Ogum demandam com as forças das trevas pela libertação e reerguimento consciencial dos espíritos, amparados pela nossa Divina Mãe Yansã.
Também, a Linha de Boiadeiros é uma linha transitória criada por Ogum e outros Orixás para que todos os Exus de Umbanda, assim que evoluam, possam galgar um novo grau de trabalhos espirituais, no qual deixam de ter que atender a todos os pedidos, não importando se são justos ou injustos, se são bons ou ruins, pois Exu é neutro e assume a polaridade de seu ativador. [Obs.: Exu é neutro. Ele “funciona” de acordo com a polaridade da pessoa que o ativa. Mas a responsabilidade é de quem o ativou e lhe deu a própria polaridade, boa ou má].
Todo espírito que atua como Exu de Umbanda, ao conquistar o grau de Boiadeiro, recupera o seu livre arbítrio e já não é obrigado a responder às invocações com fins negativos.
Após conquistar o grau de Boiadeiro, o espírito deixa de ser conduzido pelos “bois” e torna-se um tocador “de gado”.
Jetuá, Boiadeiro!
fonte: http://www.seteporteiras.org.br/index.php/as-linhas-de-trabalho/boiadeiros.


A LINHA DOS BAIANOS:
A Linha dos Baianos da Umbanda engloba espíritos de antigos Sacerdotes da Bahia e de outras regiões, tendo a Regência direta do Orixá Yansã. Também tem uma ligação com os Orixás Oxalá e Oyá-Tempo, já que seu Arquétipo (Sacerdotes) diz respeito a questões da Fé e da Religiosidade.
  Esta Linha foi criada justamente para homenagear os antigos Pais e Mães no Santo da Bahia, que foram os primeiros a trabalhar, e muito, para a preservação e a divulgação do culto aos Orixás em nosso país e enfrentando, à época, toda sorte de dificuldades e preconceitos.
  A Linha engloba espíritos voltados para a missão sacerdotal ligados não são à Bahia, mas a todo o Nordeste do nosso país. Muitos viveram ou passaram parte de sua vida em Estados dessa região, em contato com os Mestres do Catimbó e da Pajelança.
  Manifestam-se de forma alegre e movimentada e gostam de uma boa conversa. São firmes, parecem “feitos de fé”. E não se cansam de louvar “o Senhor do Bonfim”...
  O Povo Baiano vem ao Terreiro para nos trazer seu axé, sua energia positiva, e têm muito a nos ensinar, sempre com uma resposta certeira e rápida para as nossas dúvidas e questionamentos.
 Na sua forma de trabalhar, trazem muito das Qualidades de Mãe Yansã: são bastante ativos, movimentadores, irrequietos, despachados e descontraídos. Sua dança tem movimentos característicos, com gingados, “pisadas” e giros que dissolvem as energias densas acumuladas no ambiente e nas pessoas.
  Também são bons orientadores e doutrinadores, porque a missão sacerdotal do seu Arquétipo tem ligação com Pai Oxalá e Mãe Oyá-Tempo (Fé e Religiosidade). Sabem ouvir, dar bons conselhos e levantar o ânimo dos entristecidos. Neste caso, conversam bastante, falando baixo e mansamente, transmitindo conforto e segurança ao consulente. São consoladores por natureza.
 Os Baianos nos contagiam com suas energias de alegria e de firmeza e nos ensinam a perseverar diante dos obstáculos, através da sua magia peculiar e das suas brincadeiras sadias. Médiuns introspectivos, quando incorporados de seu Baiano (ou Baiana) acabam se libertando e demonstrando alegria e descontração.
  E todos nós podemos aprender com os Baianos. Seu magnetismo é forte. São “decididos” ao ponto de nos fazer sentir mais leves e animados. O que nos leva a tomar um novo rumo na vida e a obter conquistas espirituais e materiais.
Os Baianos nos ensinam muitas coisas. Seu magnetismo, entre outras coisas, estimula cada pessoa a não estagnar diante dos problemas, a não lastimar, mas agradecer pela vida e ir em frente; a confiar em si e na Providência Divina e montar um plano de ação para começar a resolver pendências; a cuidar bem de si mesmo, manter bons sentimentos e pensamentos firmes, através de orações, banhos, rezas etc. (reza de Baiano é infalível!...); não olhar só “pro umbigo”, ou seja, fazer alguma coisa em benefício dos mais necessitados, e lembrando que a maior ajuda é saber ouvir com respeito, dar uma boa palavra, fazer uma oração na intenção do necessitado; etc.
Por outro lado, os Baianos admiram a disciplina e a organização dos trabalhos. Sabem “dar disciplina” de forma direta, quando preciso, até porque a Linha tem a Regência de Mãe Yansã. São poderosos aliados da Umbanda e nos ajudarão em tudo o que for permitido pela Lei Divina. Mas desde que a pessoa não tenha má índole. Porque Baiano “não tem osso na língua” e diz o que tem a dizer, quer a gente goste ou não. Seu objetivo é nos ajudar a manter uma conduta reta na vida, para que a Lei e a Justiça Divinas nos amparem. Baiano é alegre, Baiano brinca. Mas também sabe falar sério, e nessas horas não corta caminho, vai direto ao ponto...
Bons conhecedores da Magia, eles atuam fortemente na quebra de magias negativas, na desobsessão e na limpeza energética.
Suas oferendas podem ser feitas ao pé de um coqueiro ou palmeira, ou então no ponto de força do Orixá que os rege mais especificamente.
 Preferem os colares feitos de pedaços de coco seco e/ou de coquinhos e/ou de sementes (olho de boi, olho de cabra). Alguns intercalam búzios, pedras e mesmo contas de porcelana ou de cristal.
Origens da Linha dos Baianos 
No Astral se organizaram, pouco a pouco, as Linhas de Trabalho Espiritual da Umbanda, a partir dos arquétipos do povo brasileiro. A de Caboclo homenageava o guerreiro nativo e forte, conhecedor da Natureza, corajoso; a de Preto Velho destacava a sabedoria, paciência, bondade e humildade dos anciãos que vieram da Mãe África; a das Crianças nos remetia à pureza infantil e à necessidade de despertá-la em nosso íntimo, bem como à valorização da infância e dos seus cuidados.  
Novas Linhas foram se apresentando gradualmente, inclusive respondendo às mais novas e crescentes necessidades do nosso meio, já que toda essa estrutura de Trabalho Espiritual da Umbanda está voltada para a evolução da nossa humanidade e dos seres afins com a nossa realidade. Os Regentes Planetários fizeram por acompanhar as mudanças do nosso meio social e atender às necessidades humanas e, principalmente, humanitárias que delas emergiam. E não poderia ser de outra forma, pois a Umbanda é uma religião BRASILEIRA e reflete os valores culturais e religiosos do nosso povo. 
Assim, a cada Gira de Umbanda manifestam-se as diferentes qualidades, habilidades e saberes ancestrais desse nosso povo multicultural.  
A Linha dos Baianos, também chamada “Povo da Bahia”, traz uma referência ao início da descoberta do país, à colonização e às origens de um povo que é “a cara do Brasil”. A Bahia e seu povo sintetizam o grande “caldeirão” de diversidades que é o Brasil, seja quanto às origens dos povos que aqui vivem e convivem pacificamente, seja quanto aos seus valores culturais e religiosos etc. Com efeito, o povo baiano é fraterno, universalista, devoto, fervoroso, persistente, alegre, festeiro, cheio de ginga, de ritmo e magia. E a Linha reflete tudo isso. 
De maneira organizada, como uma Linha de Trabalho efetiva, os Baianos surgem a partir da década de 50, com a industrialização dos grandes centros, e especialmente em São Paulo. Isto se intensifica na década de 60, com a maior onda de migrações provenientes da grande seca que acometeu o Nordeste brasileiro.  
Nas décadas de 50 e 60, ao mesmo tempo em que a Umbanda se firmava em São Paulo, crescia o fluxo migratório do Nordeste, que acabou por transformar a cidade numa das maiores metrópoles do mundo. Nesse grande fluxo destacaram-se os Nordestinos que vieram para trabalhar na construção civil e na indústria automobilística, então em franca expansão. 
Popularmente, na cidade de São Paulo o Nordestino sempre foi associado ao trabalho duro, à pobreza e ao analfabetismo, restando-lhe os bairros mais periféricos e as regiões mais precárias para morar. Com todos os problemas decorrentes do exagerado crescimento populacional, sempre se buscou um “culpado”; e todos se voltaram contra o “intruso”, o “ignorante” Nordestino. Todo Nordestino passou a ser chamado de “baiano”, mas com um caráter discriminatório terrível, pejorativo e negativo. 
No entanto, nos Terreiros de Umbanda paulistas a Linha dos Baianos conseguiu alcançar grande popularidade. A Umbanda sempre se caracterizou por abrigar espíritos de diversas correntes, de modo que essas Entidades “Nordestinas” foram sempre muito bem acolhidas. O caráter de luta e irreverência do Nordestino migrante parece ter sido o fator mais importante para sua aceitação dentro dos Terreiros. 
Sob esse aspecto social, a Linha dos Baianos reflete também o arquétipo do rural migrado e já adaptado à zona urbana; e vai servir de ponte para os migrantes, através de sua semelhante identidade. Num primeiro momento talvez, os consulentes de origem Nordestina foram os que mais se identificaram com o jeito despojado e alegre desses Espíritos “conterrâneos”. Pouco a pouco, pessoas de todas as origens se deixaram envolver pelo carisma e o magnetismo dessas Entidades.  
A Linha dos Baianos se manifesta desta forma justamente para ter um canal de aproximação, uma ponte de contato conosco, remetendo nosso pensamento a um arquétipo: o de um povo cujas lutas, sofrimentos e superações nós bem conhecemos e admiramos.  
Desta forma os Baianos nos conquistam, desarmam nossas defesas emocionais e mentais, sintonizam fraternamente conosco e então conseguem auxiliar a nossa evolução espiritual e material, empregando seu cabedal de conhecimentos e elevação.  
Durante muitos anos a Linha dos Baianos foi meio que renegada, seus trabalhos eram vistos com restrições. Dizia-se que era “inexistente”, não estava ligada às Linhas principais (Caboclo, Preto-Velho, Criança) e que só espíritos zombeteiros e mistificadores estariam ali. 
Aos poucos, porém, os Baianos foram chegando e tomando conta do espaço que o Astral lhes concedeu, e que souberam aproveitar de forma exemplar. Hoje, são trabalhadores incansáveis e respeitados.  
É cada vez maior o número de Baianos que se manifestam nos Terreiros de Umbanda, onde atuam sob o amparo das Sete Irradiações Divinas, para movimentar, direcionar e reordenar os campos da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução e da Geração. Por isso encontramos Baianos (e Baianas) de todos os Orixás. Têm, ainda, um trânsito muito bom pelos caminhos de Exu, podendo trabalhar na Esquerda no momento em que isto se torne necessário.  
Vale lembrar que nem todos os Baianos que se manifestam na Umbanda realmente o foram em encarnações passadas. Como ocorre em todas as Linhas de Trabalho da Umbanda, esses espíritos agruparam-se por afinidades energéticas e especialidades de atuação, mas dentre eles há múltiplas origens. 
Há, no entanto, os que ainda não aceitam a Linha dos Baianos como vertente Umbandista; esquecendo-se, talvez, de que a Bahia foi “o celeiro dos Orixás”, uma terra de espiritualidade e magia. O povo baiano é sincrético e ecumênico por excelência.  
No Nordeste, e especialmente na Bahia, prevaleceu a influência dos povos Nagôs, de língua Iorubá, sobre todos os outros grupos de Povos Africanos que para cá vieram, ao tempo da escravidão. E justamente os Nagôs cultuavam Orixás, ali nos deixando esta herança. Com o tempo, e por força da convivência das várias Nações Africanas, nasce o Candomblé, uma religião afro-brasileira. A Bahia cultua os Orixás, mas também reverencia o Senhor do Bonfim e os Santos católicos, pois no coração desse povo há mansidão, devoção e abertura para a Espiritualidade. E a Umbanda, que nasceu depois e já como religião brasileira, bebeu dessa fonte, além de receber influências indígenas, européias, do Catolicismo e do Espiritismo. 
Mas é na Bahia ―e só na Bahia, onde mais?― que todo ano se faz um cortejo de baianas e de devotos do Candomblé e da Umbanda, lado a lado com fiéis católicos e de outras crenças e religiões, para lavar com água de cheiro a escadaria da Igreja do Senhor do Bonfim, de forma delicada e amorosa, degrau por degrau. Todos se unem para pedir bênçãos e agradecer. Quem já viu, sabe que não há palavras que traduzam isto...    Nada mais natural que a Bahia, seus valorosos Pais e Mães no Santo e seu povo tenham sido escolhidos para essa homenagem!...  
Não podemos nos esquecer do caráter Universalista da Umbanda, que em suas fileiras recebe e abraça a todos os espíritos que desejam praticar o Bem, independente das suas “origens” e da forma como se apresentam.  
As palavras do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, ao fundar a religião no plano Terra, foram justamente no sentido de que na Umbanda os espíritos mais sábios nos ensinariam; os menos esclarecidos seriam orientados; e a ninguém seria negada uma oportunidade de manifestação, de trabalho, ou de aprendizado.  
Quando um Baiano (ou Baiana) incorpora num médium e ouve, aconselha e direciona o consulente em sofrimento, ele está fazendo mais do que isto. Está mostrando que cada Povo tem seu valor, sua bagagem moral e cultural, seus valores religiosos e a “sua” maneira de fazer o Bem e que todos podem contribuir para o progresso comum. Acima de tudo, mostram que somos diferentes, mas isso não é ruim, pois o que de fato importa são os valores que carregamos no íntimo. E assim quebram-se preconceitos... E sem alarde e sem armas de guerra...  
Isto se chama Fraternidade. Em silêncio e de forma simples, os Guias da Umbanda nos ensinam e auxiliam muito mais do que podemos imaginar, porque nos revelam que somos parte de uma única “raça”: a Raça Universal dos Filhos de Deus... 
Salve os Baianos! Salve a Bahia de Todos os Santos!
Nomes simbólicos:  
Alguns Baianos: Simão do Bonfim, Januário, Zé do Ouro, Juvêncio, Juvenal, Mané Baiano, Zé Baiano, Zé da Estrada, Zé da Estrada e dos Trilhos, Zé Tenório, Zé do Côco, Zé Pereira, Zeca do Côco, Zé Pretinho, Zézinho Baiano, Baiano dos Sete Cocos, Chico Baiano, Serafim, João Baiano, Severino da Bahia, Joaquim Baiano, Zé da Lua, João do Coqueiro, Zé do Berimbau, Zé do Prado. 
Dentro desta Linha, em algumas Casas  também se manifesta a Entidade Zé Pelintra (que em outros Terreiros vem na Linha de Malandros, ou mesmo na Linha de Esquerda, pois é um Espírito que tem peculiaridades e acesso a vários graus vibratórios). 
Alguns nomes simbólicos de Baianas: Maria do Balaio, Rosa Baiana, Baiana da Estrada, Maria Fulô, Januária, Maria (ou Baiana) do Rosário, Quitéria, Raimunda, Jacinta, Juvência, Baiana da Palmeira, Maria Baiana, Baiana da Praia, Maria da Cruz, Baiana Rosalva, Maria dos Anjos, Baiana dos Sete Nós, Baiana dos Cocos, Maria Mulata, Chica Baiana, Maria das Candeias, Maria dos Remédios.     
Dia da semanaA terça-feira, que é regida por Marte, planeta associado ao Orixá Yansã. 
Linha de trabalho (campo de atuação): Movimentar, direcionar, reordenar; despertar a alegria de viver; limpeza e reequilíbrio energético; corte de magias negativas. 
Ponto de ForçaAo pé de coqueiros e nas pedreiras 
Cores preferenciaisAmarelo, branco e vermelho. 
Elementos de trabalhoFitas, linhas, pembas, búzios, sementes, ervas, pimentas e pedras. 
Ervas- ADRIANO CAMARGO indica especialmente as ervas dos Orixás Yansã, Oxalá e Oyá-Tempo, relacionando estas: 
1- De Mãe Yansã: a) Quentes ou agressivas: Buchinha do norte, cânfora, espada de Santa Bárbara, quebra demanda, mamona, picão preto, folhas de bambu, folhas de fumo (tabaco), pára-raios, tiririca, vence demanda, pinhão roxo; b) Mornas ou equilibradoras: Folhas de pitanga, peregum rajado, alfavaca, calêndula, camomila, cana do brejo, capuchinha, cidreira, cavalinha, chapéu de couro, cipó cravo, cipó São João, erva de Santa Luzia, semente de girassol, imburana, jurubeba, laranjeira, losna, sabugueiro, folha do fogo, pinhão branco. 
2- De Pai Oxalá: a) Quentes: Açoita cavalo, erva de bicho, mamona, orégano, alho, fumo (tabaco), comigo ninguém pode; b) Equilibradoras: Alcachofra, alcaçuz, alecrim, alfazema, aquiléia (mil folhas), bardana, boldos (todos), girassol, hortelã, incenso, levante, manjericão, manjerona, rosa branca, salvai, tomilho, folha da costa (saião); c) Frias ou específicas: Algodoeiro, angélica, anis estrelado, artemísia, cravo da índia, ipê roxo, jasmim, laranjeira, louro, noz-de-cola (obi), pichuri, saco-saco, sândalo, verbena. [Observação: O comigo ninguém é uma erva tóxica que causa irritações na pele e NÃO é indicada para banhos. Usamos da erva fresca para bate-folhas e para as manipulações e firmezas das Entidades. Quando seca, ela serve para defumação.] 
3- De Mãe Oyá-Tempo: a) Quentes: Cânfora, cipó suma, eucalipto, orégano, folhas de bambu, pinhão branco, tiririca, chorão (salgueiro); b) Equilibradoras: Benjoim, chapéu de couro, hortelã (os vários tipos de mentas), noz de cola (obi), sabugueiro, rosa amarela, girassol, peregum rajado (dracena), folhas de incenso (planta também chamada de iboza), folhas de limão, cipó prata, erva de Santa Luzia, imburana semente, losna, pichuri, verbena, capuchinha, mil folhas, sensitiva.  
Sementes: Olho de boi, olho de cabra e coquinho. 
Fumo/defumaçãoIncenso de pitanga, de canela, de cravo ou de anis estrelado; cigarros de palha. 
Alimentos:  Coco; cocada; farofa com carne seca; melado; rapadura; grãos.  
IncensoPitanga.  
ColaresFeitos de coquinhos, ou então de contas de porcelana ou de cristal (geralmente nas cores amarela, branca e preta), podendo conter sementes (olho de boi e de cabra) e/ou búzios.  
Líquidos que costumam manipular nos trabalhosÁgua de coco, água de chuva, suco de graviola. 
Frutas: Variadas, tais como: abacaxi, coco verde, coco seco, caju, manga, laranja, pitanga, uva, graviola, morango, goiaba vermelha, melancia, melão amarelo, mamão, pêssego, banana. Em especial as frutas mais ácidas e as de casca amarela ou vermelha. 
BebidasÁgua de coco; suco de graviola; batida de coco; aguardente; vinho tinto seco; água de coco misturada com um pouquinho de pinga, mel e canela; vinho rosê; suco de casca de abacaxi adoçado com melado de cana ou de rapadura, ou então com açúcar mascavo (lavar muito bem as cascas e ferver em água mineral).  
Flores: Girassol; cravo; palmas e rosas amarelas e vermelhas; açucena; primavera; gérberas amarelas e vermelhas; flores do campo e flores amarelas e vermelhas em geral. 
PedrasQuartzo branco leitoso; Cristal; Jaspe Vermelho; Granada; Citrino; Pirita; Topázio Imperial. Para a Linha dos Baianos usamos, no geral, as pedras brancas, vermelhas, vermelhas e amarelas- embora eles possam manipular muitas pedras diferentes, de acordo com a necessidade do trabalho. (Fonte: Angélica Lisanty, “Os cristais e os Orixás”, Editora Madras.) 
 OFERENDA RITUAL
Modelo 1- 
• Toalha ou pano branco ou amarelo; • Velas brancas e amarelas; • Fitas brancas e amarelas; • Linhas brancas e amarelas; • Pembas branca e amarela; • Frutas: coco, caqui, abacaxi, uva, pera, laranja, manga, mamão; • Bebidas: batida de coco, de amendoim, pinga misturada com água de coco; • Flores: flor do campo, cravo, palmas; • Comidas: acarajé, bolo de milho, farofa, carne seca cozida e com cebola fatiada, quindim. (Fonte: “Rituais Umbandistas - Oferendas, Firmezas e Assentamentos” de Rubens Saraceni - Editora Madras.) 
 Modelo 2- 
●Frutas: abacaxi, carambola, caju, manga, maracujá, coco, frutas cítricas; ●Flores: palmas vermelhas e amarelas, girassol, rosas, cravos e gérberas; ●Sementes: olho de boi, coquinho, olho de cabra, cravo e anis estrelado; ● Velas: amarelo, azul escuro, vermelho e marrom; ●Bebidas: batida de coco, água de coco, pinga, suco de frutas cítricas, cerveja branca; ●Comidas: farofa com carne seca (com farinha de mandioca ou de milho), acarajé, caruru, vatapá, feijão fradinho, moqueca de peixe, cocada e pimentas diversas. (Fonte: Jornal de Umbanda Sagrada, artigo de Mãe Mônica Berezutchi.) 
Saudação: ―“Salve os Baianos!”; Resposta: ―“É da Bahia, meu Pai!” (ou: “Salve a Bahia!”). 
COZINHA RITUALÍSTICA 
1- Vatapá- Oito pães sem casca picados e colocados de molho por 30 minutos em 3 xícaras de leite de coco bem grosso (bater a polpa e a água do coco no liquidificador e espremer num pano). Passar por uma peneira. Reservar. 
Refogado: 500g camarão fresco e 500g de peixe em postas, tudo temperado com sal, pimenta e limão, e depois refogado por 15 minutos em 2 colheres de sopa de azeite de oliva, 1 cebola ralada e 4 tomates previamente batidos no liquidificador e peneirados. 
Retirar da panela as postas de peixe. Deixar apenas o camarão refogado. 
Juntar ao camarão da panela os seguintes ingredientes: 250g de camarão seco (dessalgado, moído e sem casca), 1 xícara de amendoim torrado e moído, 1 xícara de castanha de caju torrada e moída , a massa dos pãezinhos, gengibre ralado e noz moscada ralada. Aos poucos, juntar 2 colheres de sopa de dendê e levar ao fogo, mexendo até obter um creme grosso. 
Adicionar parte do peixe e mexer, no fogo, por mais 3 a 4 minutos. Tirar e servir, colocando o creme sobre o peixe restante. 
Acompanhamento: arroz branco 
2-Bobó de camarão- Um quilo de camarão fresco, temperado com sal, pimenta, o suco de 2 limões, cheiro verde, 1 folha de louro picada e 2 cebolas raladas.  Deixar em repouso por uns 30 minutos. Depois, refogar em 3 colheres (sopa) de azeite de oliva ou de óleo. Acrescentar 2 pimentões e 8 tomates (picados, sem pele e sem sementes). Tampar e deixar apurar em fogo baixo por uns 15 minutos. Em separado, cozinhar cerca de meio quilo de mandioca. Noutra panela, cozinhar meio quilo de mandioquinha. Depois, bater tudo no liquidificador, com uns 2 copos de leite de coco. Juntar esse creme ao refogado de camarão e apurar mais um pouco. Acrescentar 3 colheres (sopa) de dendê e um pouco de molho de pimenta vermelha, a gosto. Deixar apurar por uns 5 minutos. Servir quente, com arroz branco ou com acaçá. 
3- Doce de abóbora feito com pedacinhos de gengibre e enfeitado com lascas de rapadura. 
4- Cocada mole; doce de coco; doce de abóbora com coco. 
5- Abacaxi em calda. 
6- Laranja ácida em calda. 
 A LINHA DOS BAIANOS 
Fonte: “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Sacarceni, Madras Editora, 2007, páginas 103/105. 
Nos Cultos de Nação ou Candomblé existe um culto fechado denominado culto a Egungun, que tem poucos adeptos e seu interior não é revelado, pois tudo é secreto e as proibições, se quebradas, acarretam “quizilas” terríveis aos seus inconfidentes. [Inconfidentes= os que não são fiéis.] 
No Brasil, o culto a Egungun é restrito a algumas sociedades antigas e que preservaram o que foi possível do culto que existia na África. 
Egun é uma palavra da língua Yorubá que significa espírito. 
Egungun é o conjunto dos ancestrais. E o culto a Egungun é o culto aos espíritos. [V. “As Religiões do Rio”, páginas 68/75.] 
O culto a Egungun é um ritual mais elaborado do tradicional culto aos ancestrais, praticado por todos os povos em todos os tempos.
A Bíblia judaico-cristã fala do culto aos ancestrais e das pessoas dotadas de dons mediúnicos (os “profetas”); na Roma antiga os “deuses lares” eram os protetores das famílias, que cultuavam seus antepassados e buscavam nos seus membros de maior destaque, já falecidos, a inspiração para as mais variadas dificuldades; os orientais (chineses, japoneses, etc.) cultuam seus ancestrais e têm ritos específicos para agradá-los, atraí-los e deles receberem amparo espiritual.
O espiritismo kardecista está fundamentado no culto aos mortos, pois Jesus Cristo foi um homem que viveu na Terra há dois mil anos; e os espíritos que se comunicam também já viveram na terra.
O próprio Cristianismo é um culto aos mortos, pois seu fundador, Jesus Cristo, é um espírito; e o culto aos santos confirma nossas afirmações.
A Umbanda não foge à regra: cultua Deus e venera seus antepassados ilustres, devotando-lhes respeito e uma reverência religiosa, pois sem a existência do antepassado nós não existiríamos.
O culto aos antepassados é tão forte e tão poderoso que a presença deles na forma de heróis nacionais exalta o patriotismo que sustenta os brios de uma Nação.
Zumbi dos Palmares lutou contra a escravidão e a supremacia dos europeus, atraindo o apôio dos nativos brasileiros em sua luta por liberdade.
Tiradentes nos remete ao exercício do livre arbítrio, ao direito de nos guiarmos.
Dom Pedro I nos trouxe a tão almejada independência.
A Princesa Isabel sacramentou o anseio de milhões de brasileiros de verem livres da escravidão os africanos e seus descendentes.
O Marechal Hermes da Fonseca sacramentou a República e concedeu a todos o direito de se
apresentarem como pretendentes a cargos de direção ou políticos, quebrando a        espinha
dorsal do regime imperial.
Lampião lutou contra o coronelismo nordestino.
Zé Pelintra foi um grande mestre de Catimbó, juremeiro e rezador dos bons!
Enfim, os antepassados são importantes e são nossa memória!
Eis aí o que justifica e fundamenta o arquétipo adotado para a linha dos Baianos da Umbanda: o culto aos antepassados ou a Egungun.
Só que, na Umbanda, os “eguns” [=espíritos dos antepassados] se mostram como lhes foi determinado. Uns são espíritos de índios. Outros são espíritos de velhos benzedores negros que misturavam rezas a Jesus Cristo e aos santos com o culto às divindades africanas.
Quanto aos Baianos da Umbanda, o arquétipo é o do tradicional “pai e mãe de santo da Bahia”, mas não só de lá, e sim, de todos os recantos do país.
Afinal, assim como o Espiritismo, o Candomblé e todas as outras religiões cultuam seus ancestrais ilustres em todos os campos das atividades humanas, qual é o problema em se cultuar na Umbanda a figura alegre, curiosa, intrometida e extrovertida dos sacerdotes dos Orixás na Bahia de todos os Santos?
O arquétipo dos Baianos da Umbanda foi criado justamente em cima daqueles que melhor sustentaram e popularizaram o culto aos Orixás no Brasil.
Esses espíritos já tinham a “intimidade” com os Orixás, suas magias, suas rezas, suas quizilas, seus feitiços etc., e foram homenageados com uma Linha de Trabalho só para eles, por meio da qual podem auxiliar os encarnados, dando continuidade aos que já faziam quando viveram na Terra. 
A Umbanda é, tal como o Espiritismo, um culto fundamentado no culto aos antepassados e é um culto a Egungun mais elaborado e totalmente aberto.
O que é oculto são os nomes dos espíritos que incorporam: Zé do Coco, Maria Bonita, Lampião, Zé Pelintra, Corisco, Zé da Bahia, etc.
São nomes que, na Umbanda, englobam várias correntes espirituais formadas por sacerdotes, mestres e rezadores nordestinos.
Quinhentos anos [da história do Brasil] é muito tempo e no astral cristalizou-se toda uma plêiade de espíritos fortes, aguerridos e capazes de proezas dignas dos grandes heróis nacionais.
Só que, nas Linhas de Umbanda, se manifestam os heróis desconhecidos, englobados em arquétipos fortes porque são espíritos que, quando na Terra e encarnados, dedicaram suas vidas no anônimo trabalho de consolar e amparar os aflitos e os desesperançados.
A Linha dos Baianos é essa Linha: a dos heróis anônimos que sustentaram o culto aos Orixás e o semearam primeiro em solo baiano e, posteriormente, no resto do Brasil e, com a Umbanda organizada, o levarão ao mundo.

A LINHA DO POVO DO ORIENTE/ CORRENTE MÉDICA:


A Linha do Oriente é parte da he­rança da Umbanda brasileira. Ela é com­posta por inúmeras entidades, classi­ficadas em sete falanges e majorita­riamente de origem oriental. Apesar dis­­so, muitos espíritos desta Linha po­dem apre­sentar-se como caboclos ou pretos velhos.
O Caboclo Timbirí (ca­bo­clo japo­nęs) e Pai Jacó (Jacob do Ori­ente, um preto velho bastante ver­sado na Ca­bala Hebraica), săo os casos mais co­nhe­cidos. Hoje em dia, ganha força o cul­to do Caboclo Pena de Pa­văo, enti­dade que trabalha com as for­ças espiri­tuais divinas de origem indiana.
Mas nem todos os espíritos săo ori­entais no sentido comum da palavra. Es­ta Linha procurou abri­gar as mais di­ver­sas entidades, que a princípio năo se encaixavam na matriz formadora do bra­sileiro (índio, portuguęs e afri­cano).
A Linha do Oriente foi muito popular de 1950 a 1960, quando as tradiçőes bu­­­distas e hindus se firmaram entre o povo brasileiro. Os imigrantes chineses e japoneses, sobretudo, passaram a fre­­qüentar a Umbanda e trouxeram se­us ances­trais e costumes mágicos.
Antes destas datas, também era co­mum nesta Linha a presença dos que­ridos espíritos ciganos, que possuem ori­­­gem oriental. Mas tamanha foi a sim­patia do povo umbandista por estas en­­­tidades, que os espíritos criaram uma “Linha” independente de trabalho, com sua própria hierarquia, magia e ensi­na­mentos. Hoje a influęncia do Povo Ci­gano cresce cada vez mais dentro da Umbanda.
Existem muitas maneiras de classi­ficar esta Linha e este pequeno artigo, năo pretende colocar uma ordem na ma­neira dos umbandistas estudarem es­ta vertente de trabalho espiritual. Dei­xo a palavra final para os mais ve­lhos e sábios, desta belíssima e diver­sificada religiăo. Coloco aqui algumas instruçőes que colhi com adeptos e mé­diuns afinados com a Linha do Oriente.
Namaste e Salve o Oriente!
CARACTERÍSTICAS DA LINHA DO ORIENTE:
• Lugares preferidos para ofe­rendas: As entidades gostam de co­linas descampadas, praias desertas, jar­dins reservados (mas também rece­bem oferendas nas matas e santuários ou congás domésticos).
• Cores das velas: Rosa, amarela, azul clara, alaranjada ou branca.
• Bebidas: Suco de morango, suco de abacaxi, água com mel, cerveja e vinho doce branco ou tinto.
• Tabaco: Fumo para ca­chimbo ou charuto.Tam­­bém utili­zam ci­gar­ro de cravo.
• Ervas e Flores: Alfa­zema, todas as flores que sejam bran­cas, palmas ama­relas, mon­senhor branco, monse­nhor amarelo.
• Essęncias: Alfazema, olíbano, ben­joim, mirra, sân­da­lo e tâmara.
• Pedras: Citrino, quart­zo rutilado, topá­zio im­perial (citrino tor­nado ama­relo por aque­ci­men­to) e topá­zio.
• Dia da semana recomen­dado para o culto e ofe­rendas semanais: Quinta-feira.
• Lua recomendada (para oferenda mensal): Se­gundo dia do quarto min­guante ou primeiro dia da Lua Cheia.
• Guias ou colares: Colar com cento e oito contas (108), sendo 54 brancas e 54 amarelas. Enfiar se­qüencial­mente uma branca e uma amarela. Fechar com firma branca. As enti­dades india­nas também utilizam o rosá­rio de sân­dalo ou tulasi de 108 con­tas (japa ma­la). Algumas criam suas pró­prias guias, se­gundo o mis­tério que trabalham.

CLASSIFICAÇĂO DA LINHA DO ORIENTE
Suas Falanges, Espíritos e Chefes:
01 - Falange dos Indianos:
Espíritos de antigos sacerdotes, mes­tres, yogues e etc. Um de seus mais conhecidos inte­gran­tes é Ramatis. Está sob a chefia de Pai Zartu.
02 - Falange dos Árabes e Turcos:
Espíritos de mouros, guerreiros nôma­des do deserto (tuaregs), sábios marroquinos, etc... A maioria é mu­çulmana. Uma Legiăo está composta de rabinos, cabalistas e mestres judeus que ensinam dentro da Umbanda a mis­teriosa Cabala. Está sob a chefia de Pai Jimbaruę.
03 - Falange dos Chineses, Mon­góis
e outros Povos do Oriente:
Espíritos de chineses, tibetanos, japoneses, mongóis, etc. Curio­sa­men­te, uma Legiăo está in­te­grada por es­pí­ri­tos de origem esquimó, que tra­balham muito bem no desmanche de demandas e feitiços de magia ne­gra. Sob a chefia de Pai Ory do Oriente.
04 - Falange dos Egípcios:
Espíritos de antigos sacerdotes, sacer­dotisas e magos de origem egípcia antiga. Sob a chefia de Pai Inhoaraí.
O5 - Falange dos Maias, Toltecas,
Astecas e Incas:
Espíritos de xamăs, chefes e guer­rei­ros destes povos. Sob a chefia de Pai Itaraiaci.
06 - Falange dos Europeus:
Năo săo propriamente do Oriente, mas inte­gram esta Linha que é bas­tante sincrética. Espí­ri­­tos de sábios, ma­gos, mestres e velhos gue­rreiros de origem européia: romanos, gau­leses, ingleses, es­can­dinavos, etc. Sob a che­fia do Impe­rador Marcus I.
07 - Falange dos Médicos e Sábios:
Os espíritos desta Falange săo especiali­zados na arte da cura, que é integrada por médicos e tera­peutas de diversas origens. Sob a chefia de Pai José de Arimatéia.
Mentores de Cura
Quem São os Mentores de Cura
Os mentores de cura trabalham em diversas religiões, inclusive na Umbanda.
São muito discretos em sua forma de se apresentar e trabalhar, e estas formas mudam de acordo com a religião ou local em que irão atuar.
São espíritos de grande conhecimento, seriedade e elevação espiritual. São extremamente práticos, não aceitando conversas banais ou ficar se estendendo a assuntos que vão além de sua competência ou nos quais não podem interferir, pois não são guias de consulta no sentido ao qual estamos habituados na Umbanda.
Para se ter uma ideia melhor, sua consulta seria o pólo oposto à consulta com um Preto Velho. Normalmente os pretos velhos dão consultas longas, cheias de ensinamentos de histórias, apelando bem para o lado emocional.
Já os Mentores de Cura, se dirigem ao raciocínio, buscam fazer o encarnado compreender bem as causas de suas enfermidades e a necessidade de mudança nessas causas, bem como a necessidade de seguirem à risca os tratamentos indicados. Quando precisam passar algum ensinamento o fazem em frases curtas e cheias de significado, daquelas que dão margem à longas meditações.
São espíritos que quando encarnados foram: Médicos, Enfermeiros, Boticários, Orientais (que exercem sua própria medicina desde bem antes das civilizações ocidentais), Religiosos (monges, freis, padres, freiras, etc.), ou exerceram qualquer outra atividade ligada a cura das enfermidades dos seres humanos, seja por métodos físicos, científicos ou espirituais.
Métodos de Trabalho
Cada guia tem sua forma de restituir a saúde aos encarnados, normalmente se utilizam de meios dos quais já se utilizavam quando encarnados, mas de forma muito mais eficiente, pois após chegarem ao plano espiritual puderam aprimorar tais conhecimentos. Além disso esses espíritos aprenderam a desenvolver a visão espiritual, através da qual podem fazer uma melhor anamnese (diagnóstico) dos males do corpo e da alma.
Aliados aos seus próprios métodos individuais eles se utilizam de tratamentos feitos pelas equipes espirituais ou ministrados pelos encarnados com auxílio do plano espiritual.
Alguns deles são:
1. Cirurgia Espiritual
É realizada pelo mentor de cura incorporado ao médium. E envolve a manipulação do corpo físico através das mãos do médium, podendo ou não haver a utilização de meios cirúrgicos elementares (cortes, punções, raspagens, etc…). O maior representante deste método de trabalho no Brasil é o espírito do Dr. Fritz, mas este método é utilizado em diversas culturas e religiões.
2. Cirurgia Perispiritual
É realizada diretamente no perispírito do paciente, com ou sem a colaboração de um médium presente, costuma ser realizada por uma equipe espiritual designada especificamente para cada caso e ser feita em dia e horário pré determinados.
3. Visita Espiritual
É realizada por uma equipe espiritual, que visita o paciente no local onde ele estiver repousando, também com um dia e hora predeterminados. Na visita, darão passes, farão orações, etc…
4. Cromoterapia
É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiuns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizado para males de origem emocional.
5. Fluidoterapia
É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiuns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no perispírito.
6. Reiki
É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiuns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizada para males de origem emocional ou psíquica e para realinhamento de chacras.
7. Homeopatia
Indicada e receitada pelos mentores espirituais. As fórmulas são feitas normalmente por laboratório de manipulação homeopáticos. E devem ser tomados de acordo com o determinado.
8. Outros
Fora estes tratamentos, também podem ser utilizados, florais de Bach, cristaloterapia, chás, aromaterapia, acumpuntura, do-in, etc…
Em alguns casos os guias também indicam dietas, alimentos a serem evitados ou ingeridos para melhoria da saúde geral.
OBS: Para o momento da visita espiritual e cirurgia espiritual: O paciente deverá vestir-se e deitar-se com roupas claras (de preferência branca); ficar num ambiente calmo, com pouca luz e colocar ao lado um copo d’água para ser bebida após o tratamento.
Após a visita e a cirurgia, o paciente deverá manter-se em abstenção por mais 6 horas, para que a energia doada seja melhor absorvida.
Como interagem com os médiuns
* Incorporação
É muito sutil e dificilmente inconsciente a incorporação dos mentores de cura. Muitas vezes atuam apenas na fala e só assumem o controle motor quando necessário.
* Intuição
Alguns mentores trabalham com seus médiuns apenas pela via intuitiva, indicando as providências a tomar e tratamentos. Neste caso, é necessário um grande equilíbrio e desenvolvimento do médium, para que o mesmo não atrapalhe nas indicações dadas pelo mentor.
* Psicografia (Receitistas)
Funciona da mesma forma que a psicografia comum, mas os espíritos comunicantes costumam psicografar receitas de tratamentos.
Equipes Espirituais
Cirúrgicas
São formadas da mesma forma que as equipes cirúrgicas do plano material, compostas de cirurgião, assistente, anestesista, instrumentista, enfermeiros, etc… Apnas diferem no que se refere aos instrumentos e tecnologia utilizados. Incluindo também a aplicação de passes e energias associados a intervenção cirúrgica.
De Oração
Formadas normalmente por espíritos religiosos, acostumados às preces quando encarnados. Estas equipes se reúnem junto ao paciente em uma corrente de orações com finalidade de equilibrar o mental e emocional do paciente e também de buscar energias dos planos superiores. Como efeito adicional, a prece tende a elevar a energia geral do ambiente onde está o paciente, assim como dos encarnados que estam atuando junto ao mesmo.
De Proteção

Quando o mal físico está associado a interferência de espíritos inferiores, essas equipes fazem a proteção do paciente, enquanto o mesmo é tratado nas cirurgias ou visitas, ou enquanto está seguindo as recomendações indicadas pelos mentores de cura.
De Passes (passe espiritual)
Seu trabalho é realizado em sua maior parte durante as sessões de cura e durante as visitas espirituais. Dando passes no paciente, nos assistentes e nos médiuns; antes, durante e após a sessão.
De Apoio
Estas equipes atuam levantando o histórico do paciente diretamente no seu campo mental, preparando-o através da intuição para a consulta, estimulando-o através do pensamento a reeducar hábitos nocivos, a mudar as situações que estejam prejudicando a própria saúde, inspirando-os força de vontade para continuar os tratamentos e seguir as recomendações e dietas.
O que curam e o que náo curam
Males Físicos
A maior parte dos males físicos de que os encarnados sofrem, são causados pelos maus hábitos, vícios e má alimentação. Os mentores nestes casos se utilizam das diversas terapias para a cura mas principalmente esclarecem ao encarnado quanto a órigem de tais males, sugerindo dietas, o abandono ou diminuição dos vícios e mudança de hábitos. Nestes casos a cura definitiva só pode ser obtida com a plena conscientização do paciente e com a sua força de vontate e compromisso na obtenção do equilíbrio orgânico.
Males Mentais
Parte dos males mentais (depressão, angústia, apatia) são causados por obsessores, mas a maior parte deles tem por origem a própria atitude mental do paciente. Pensamentos negativos atraem energias negativas, que quando se tornam constantes e intensas podem se materializar no corpo físico na forma de doenças. Males como: úlceras, enchaquecas, hipertensão, problemas cardíacos, e até mesmo algumas formas de câncer podem ser provocados pela mente do pacinte, quando esta se encontra tomada por pensamentos negativos.
Também neste caso os mentores além de indicarem os tratamentos apropriados, esclarecem ao paciente quanto a necessidade de mudar a atmosfera mental, com objetivo de não ficar atraindo continuamente energias desequilibrantes, costumam também sugerir passeios por locais da natureza e o hábito da prece como forma de atrair energias novas e regeneradoras.
Males Kármicos
Os males kármicos se caracterizam por doenças incuráveis (fatais ou não) tanto pela medicina alternativa, quanto por terapias alternativas ou por meios espirituais. Nestes casos o tratamento visa o alívio do paciente ou ampará-lo emocionalmente para que sua atitude mental não tome o rumo da revolta ou do desespero.
As doenças karmicas são males que escolhemos antes de encarnar como forma de resgatarmos erros passados. Típicos males kármicos são: Cegueira de nascença, mudez, Idiotia, Eplepsia, Sindrome de Down, Más-Formações do corpo físico, etc. Na maior parte são males de nascença, embora algumas doenças possam ter sido “programadas” para surgir em determinada época da encarnação.
Nestes casos os mentores não podem (e nem deveriam) curar o corpo, pois através do padecimento deste é que o espírito está resgatando suas faltas e aprendendo valiosas lições para sua evolução e crescimento.
Males Espirituais
São aqueles causados pela atuação dos espíritos (obsessores, vampirizadores, etc.) e que se refletem no corpo físico. Nestes casos os mentores cuidam do corpo físico enquanto o paciente é tratado também em sessões de desobsessão, descarrego, etc.
Ou seja os mentores com as terapias à seu alcance minimizam e atenuam os males causados ao corpo físico enquanto o paciente é tratado na origem espiritual do mal de que sofre.
Quando o paciente se vê livre da presença espiritual nociva, os mentores costumam ainda continuar com os tratamentos visando reparar os males que já haviam sido causados ao organismo, até que ele retorne ao seu equilíbrio.
A Sessão de Cura (O visível e o Invisível)
Os Pacientes
O paciente deverá abster-se de bebidas alcoólicas, café, cigarro, carnes de origem animal e sexo, 24 horas antes da consulta, da visita e da cirurgia espiritual.
A Preparação
Muito tempo antes dos portões da casa espiritual se abrirem ou dos médiuns chegarem, o ambiente destinado aos tratamentos já está sendo limpo e preparado.
Os procedimentos começam com o isolamento da casa que é cercada por equipes de vigilantes espirituais (os exus), que impedem a entrada de espíritos perturbadores e fazem a limpeza fluídica dos encarnados que chegam. Caso seja nessessário, podem provocar até mesmo um mal estar ou utra situação de forma a afastar as pessoas que venham a casa espiritual com má intenção ou envolta em fluidos que possam perturbar os trabalhos.
Logo após se procede a limpeza do ambiente interno da casa e em seguida há uma energização do ambiente. Em paralelo a isto, alguns espíritos trazem até o ambiente alguns fluidos extraídos da natureza, para serem utilizados posteriormente no tratamento dos pacientes.
Em seguida a isso vão chegando a casa os mentores com suas equipes de trabalho de forma a se reunirem e fazerem o planejamento dos trabalhos a serem executados.
Fora da casa espiritual, os médiuns que irão ser veículo dos mentores, devem estar se preparando física e mentalmente para os trabalhos, e já estão sendo magnetizados e preparados pelo plano espiritual de forma a terem maior sintonia com os mentores.
Quando os médiuns chegam à casa, continuam sendo preparados pelas equipes espirituais. E enquanto cuidam do ritual (incensos, cristais, velas, etc.) vão entrando em sintonia com o plano espiritual. A preparação termina com a prece de abertura, onde o pensamento dos encarnados e desencarnados se une numa súplica ao Divino Médico para que ele interceda por todos.
Após isso os mentores de cura se manifestam e dão sua mensagem indvidual para o início dos trabalhos.
A Mesa
A mesa da sessão de cura é composta por 3 ou 4 médiuns que devem se manter em concentração/oração durante todo o tempo em que estiverem compondo a mesa, e só devem romper a concentração após a partida de todos mentores que estiverem trabalhando.
A mesa funciona como um ponto focal de energias, é através da mesa que chegam as energias e ordens de mais alto e são distribuídas às equipes. Por ser um local onde existe alta concentração/oração é o ponto para onde convergem as energias mais puras e mais sublimes da sessão de cura. Eventualmente, podem se manifestar à mesa algum mentor de cura, ou algum dos médiuns pode ser utilizado em alguma psicografia (por isso mesmo é interessante manter lápis e papel á mesa).
Na mesa também fica a água a ser fluidificada e o nome de algumas pessoas que receberão irradiação.
Os Médiuns
Os médiuns que não estiverem trabalhando com seus mentores, compondo a mesa ou atuando como cambonos dos mentores devem manter o silêncio a concentração e a oração.
Devem utilizar esse momento para permitir que seus próprios mentores os preparem para futuramente trabalharem com eles. E ter também consciência de que toda a energia positiva que estiverem atraindo para os trabalhos de cura através de sua concentração/oração estará sendo amplamente utilizada pelos mentores e pelas equipes de cura para levar a caridade a todos os que estiverem sendo tratados.
O Encerramento
No encerramento, os mentores de cura dão suas mensagens finais e partem. Neste momento os médiuns que compõem a mesa também podem romper a concentração. Todos os médiuns tomam da àgua fluidificada que está na mesa. E caso o digigente julgue conveniente, pode efetuar a leitura de alguma mensagem que porventura tenha sido psicografada.
No plano espiritual, o trabalho ainda continua, com distribuição de serviço entre as equipes espirituais. Somente após a saída de todos os médiuns e com o encerramento dos trabalhos de cura no plano espiritual é que a corrente dos vigilantes (exus) se desfaz. Embora a casa continue sendo vigiada, apenas não de forma tão ostensiva.

FALANGE DOS MÉDICOS E CURADORES
Linha de Cura
A Falange dos Médicos ou Curadores é a sétima hierarquia da Linha do Oriente. Comandada pelo sábio José de Arimatéia (Yosef Ha-Aramataiym em hebraico), um discípulo oculto do Mestre Jesus, ela agrupa inúmeros terapeutas do corpo e da alma.
Tradições ocultas nos contam que José, um rico membro do tribunal rabínico de Jerusalém, depois de conseguir um lugar para Jesus ser sepultado, viajou para o Ocidente trazendo o Santo Graal.

Ele teria aportado nas costas britânicas com alguns discípulos, salvando o objeto mais precioso do Cristianismo. José de Arimatéia, ao chegar onde hoje é a Inglaterra no ano de 36 D.C., encontrou lá os poderosos sacerdotes druidas e fez uma especial troca de ensinamentos e segredos esotéricos. 
Desde então, uma misteriosa escola nasceu e continuou pelos séculos. A Umbanda brasileira, legítima herdeira do esoterismo cristão, também trabalha espiritualmente com esta herança. 
A Linha do Oriente, que contém a Falange de José e a Falange dos Europeus demonstra esta riqueza admirável.
A Falange dos Médicos do Astral é uma egrégora composta de centenas de trabalhadores espirituais. Na maioria das vezes, eles foram em suas últimas vidas, médicos, curandeiros, raizeiros, benzedores e rezadores. Este exército de caridade é classificado em sete agrupamentos ou Legiões (alguns as chamam de Povos).

I - LEGIÃO DOS DOUTORES OU MÉDICOS:
Composta por doutores da medicina ocidental convencional ou homeopatas : Dr. André Luiz, Dr. Rodolfo de Almeida, Dr. João Correia, Dr. José Gregório Hernandéz, entre outros.
II – LEGIÃO DOS MÉDICOS ORIENTAIS:
Terapeutas orientais, especialistas em fitoterapia, acupuntura, massagem e nas principais disciplinas médicas tradicionais da Ásia: Ramatis, Mestre Agastyar, Babaji.
III – LEGIÃO DOS CURANDEIROS:
Curandeiros e Xamãs nativos das Américas, África e Oceania : caboclos e pretos velhos, feiticeiros tradicionais, alguns exus – como o Exu Curador, Seu Maramael.
IV – LEGIÃO DOS REZADORES:
Rezadores, benzedores e os praticantes da medicina religiosa ou espiritual.  Aqui encontramos todo os que curavam pela imposição das mãos, fé e oração : Pai João Maria de Agostinho, Pai João de Camargo, Vó Nhá Chica, Mestre Philippe de Lyon, Abade Julio.
V – LEGIÃO DOS RAIZEIROS
Praticantes da medicina folclórica e mágica regional. São os mestres juremeiros brasileiros, os ervateiros ou chamarreiros das Américas e todos os especialistas na flora, fauna e minerais curativos: Dom Nicanor Ochoa, Mestre Inácio, Mestre Carlos de Oliveira, Mestre Rei Heron.
VI – LEGIÃO DOS CABALISTAS E ALQUIMISTAS:
Espíritos dos velhos cabalistas e alquimistas, conhecedores dos segredos das plantas e cristais : Pai Isaac da Fonseca (primeiro cabalista brasileiro), Nicolau Flamel, Paracel­sus, Pai Jacó.
VII – LEGIÃO DOS SANTOS CURADORES:
Santos católicos celebrados como médicos, curandeiros ou especialistas na cura de alguma doença : Santa Luzia – olhos, Santa Ágata – seios, São Lazaro – doenças de pele, São Bento – envenenamentos.
Texto: Edmundo Pellizari


                                            AS CRIANÇAS:

Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa, atuam em qualquer tipo de trabalho, mas, são mais procurados para os casos de família e gravidez.


CIGANOS E POVO DO ORIENTE:


Ciganos
Os mistérios desse povo nômade, ronda também as Giras de Umbanda. A presença dessas entidades é rara, mas quando chegam trazem com eles todos os mistérios da magia. Mas não uma magia trabalhada apenas nas ervas e sim na destreza com que lidam com o astral, com seus punhais, suas cartas, bola de cristal, adivinhações, são verdadeiramente os "mágicos" da Umbanda, que em seus atendimentos conseguem hipnotizar seu consulente. São sutis, delicados, amorosos, práticos.

Gostam da dança embaladas pelos Banjos, da comida farta, gostam de reunir sua "Companhia" em volta de suas fogueiras, ou seja, gostam da fartura e da liberdade.
                        Não criam raiz, vão onde está a fortuna.
Por não criar raízes, o povo cigano existe inclusive nos dias de hoje, em diversas partes do mundo. Na Umbanda, se manifestam ciganos que são de origem oriental, como também ciganos de outras partes do mundo, inclusive brasileiros.
                        São especialistas em resolver problemas financeiros e também amorosos.
Uma dica para que sempre haja fartura. : Pegue uma taça grande, e preencha ela com grãos de arroz, milho, sementes de gira sol, folhas de louro, moedas douradas. Depois de enfeitado acenda uma vela amarela ao lado do copo, e batize o copo com o nome de um (a) cigano(a), e peça que haja sempre muita fartura e muita riqueza em sua vida. E sempre que tiver moedas douradas, complete o copo.
                                 




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